Adaptar conteúdo? Serve pra quê, afinal? E, se serve, como
se faz isso?
[abertura]
Pois é, amigos!
Adaptar conteúdo das aulas tem sido uma grande polêmica por
todo o nosso país!
Eu tenho recebido perguntas e questionamentos sobre isso, praticamente
todos os dias!
Até em um dos meus livros, o “Estudos sobre educação:
inclusão responsável”, eu escrevi um capítulo inteiro mostrando como as
editoras de livros didáticos poderão fazer para oferecer um módulo adaptável,
para facilitar a vida de todos os professores.
[apresentação]
Eu sou o professor Roberto Andersen
Escritor – educador – psicanalista
Pesquisador em neurociência cognitiva
Para quem ainda não sabe, há 21 anos criamos o Colégio IUPE,
em Salvador, onde aplicamos uma metodologia educacional inclusiva, a dinâmica
grupal, muito antes da inclusão ser obrigatória, e que permite o atendimento
individual do aluno, sem qualquer estresse para o professor.
E, agora, na pandemia, resolvemos transformar nossos cursos
de formação continuada, para profissionais de educação, terapeutas, famílias de
alunos e também adolescentes e jovens, em minicursos de fácil acesso para
todos, exatamente para que possamos ter mais gente, junto a nós, para transformar
a si mesmo, seus filhos, seus amigos e seus alunos, construindo uma sociedade
melhor.
[fim da apresentação]
Então, vamos ao nosso tema!
Por que a minha insistência em adaptar conteúdo?
Tudo começa pelo fato de que adaptação de conteúdo não é
necessária apenas para alunos com deficiência intelectual!
Nada disso!
Se nós quisermos tirar nosso país da triste situação de pior
país do mundo em aprendizagem, teremos que ser mais realistas em relação a
situação de cada aluno e, parar de fingir que todos os nossos alunos, em uma
mesma sala de aula, mesmo sem que qualquer deles tenha deficiência, estão
entendendo a nossa aula e aprendendo alguma coisa!
Isso não existe, se nossa aula é dada direcionada a um nível
apenas de entendimento! Isso é impossível, na realidade!
Muitos dos nossos alunos não estão entendendo nada, ou quase
nada, mas não têm coragem de perguntar, para não passarem “recibo de burrice”,
e preferem “dar um jeito” de passar de ano...
E aí começa a construção de uma sociedade mal preparada, sem
conhecimento, sem condições de entendimento de mundo, e facilmente manipulável,
como é o que estamos vendo atualmente!
Mas como o sistema sempre desejou a burrice do povo, para
poder usufruir das mordomias provenientes dos mais elevados níveis de
corrupção, apenas fingem se preocupar com a educação, enquanto, na realidade, a
colocam em último plano!
O que tudo isso tem a ver com adaptar conteúdo? Tudo a ver!
Mas adaptação para todos os alunos que apresentem algum tipo
de dificuldade de aprendizagem, e não apenas para quem tem laudos médicos, o
que, aliás, é um absurdo incomensurável!
Vejo professores e dirigentes escolares dizerem que só podem
adaptar conteúdo se o aluno tiver laudo médico!
Transformaram o médico em educador! E a própria legislação
proíbe que se exija laudo médico para enquadrar um aluno com necessidades
educacionais especiais! O laudo é educacional, já que só o educador tem
competência para analisar dificuldades de aprendizagem!
Caso contrário passaremos, nós, os professores, a determinar
como deve ser realizada uma cirurgia ou quais os medicamentos que devem ser
prescritos.
Então, voltando ao educador e as adaptações, vamos lembrar
de Comenius, um dos grandes educadores do passado, quando ele escreveu, em sua
Didática Magna, que “(...) age, idiotamente, aquele que quer ensinar ao aluno,
não o que ele pode aprender, mas sim o que ele próprio deseja(...)”
Essa frase, sozinha, já ensina tudo sobre adaptação de
conteúdo!
E, como se não bastasse, Piaget, Wallon, Erik Eriksson e
diversos outros educadores deixaram bem claro, em suas obras, que o processo
educacional tem que ter por base O ALUNO!
Eles nunca escreveram que a base era o currículo e seu
conteúdo programático!
Para qualquer bom entendedor, a frase de Comenius explica
exatamente o que tem que ser feito em cada sala de aula, para cada assunto
dado, para cada aluno alvo daquele aprendizado! E isso é para todos os alunos,
mesmo aqueles considerados “normais”, sem qualquer transtorno, síndrome ou
deficiência! E mais evidente ainda para esses, mesmo que não tenham os tais dos
LAUDOS!
Então vamos a parte prática, mantendo, em mente, o tempo
todo, a frase de Comenius!
Vou utilizar matemática como um simples exemplo. Mas isso
vale para todas as matérias e para todos os níveis. Basta ter criatividade.
Você tem 30 alunos na sala. Você está ensinando extração de
raiz quadrada.
Vinte deles (chamemos de nível A) estão entendendo a
explicação e estão conseguindo fazer os exercícios. Oito deles (chamemos de
nível B) estão com dificuldade, porque ainda têm dúvidas em potenciação. Dois
deles (chamemos de nível C) estão com dificuldades em subtração. Não sabem,
ainda, multiplicar nem dividir.
O professor prepara os roteiros de estudo dirigido para
todos os seus alunos, sendo que, para os de “nível A”, ele tira os exercícios
do próprio módulo.
Para os de “nível B” ele coloca exercícios de potenciação,
para quebrar o bloqueio deles nessa etapa.
Para os de “nível C”, os exercícios
são de subtração, pelo mesmo motivo.
Se colocarmos os mesmos exercícios do nível A para B e C,
esses bloquearão definitivamente e nunca mais entenderão nada de matemática!
E essa é a realidade de muita gente grande, que se diz
normal, e que já tem até nível superior em profissões que só escolheu somente
por não precisa de raciocínio matemático!
E muitos sabem que são infelizes nessas profissões, mas não
tem jeito de ser o que gostaria, já que matemática não entra na cabeça...
Não entra porque não teve professor que adaptasse o conteúdo
de forma a quebrar esse bloqueio no início de sua educação básica.
Ou seja: a ausência desse procedimento simples de adaptação
e respeito ao nível de entendimento do outro, acaba por criar profissionais
infelizes em suas profissões e infelizes na própria vida pessoal. Isso é muito
mais sério do que se possa pensar!
E aí vem aquele professor sabotador e me diz:
Mas como esse aluno poderá estar sendo preparado para um
concurso, um vestibular, um ENEM, se não está aprendendo o mesmo conteúdo que
os outros?
E eu devolvo: Como você conseguirá fazer ele entender de
raiz quadrada sem saber multiplicar nem dividir? Se ele não quebrar os
bloqueios emocionais, jamais avançará de verdade!
Eu não vejo outra forma, senão a de ir fazendo ele ter
prazer em aprender o assunto, mesmo que, para isso, tenha que andar mais
vagarosamente que seus colegas de classe, mas estará, sim, andando, e
progredindo, e sendo feliz com isso.
Essas adaptações, por enquanto, têm que ser feitas pelos professores
e, para isso, o professor não pode se manter, em sala, com a metodologia
tradicional, aquela em que os alunos ficam em fileiras, totalmente passivos,
esperando o conhecimento entrar em suas cabeças, a partir das palavras do
professor.
A metodologia tem que transformar o aluno em aluno ativo a
aula toda, protagonista de sua própria aprendizagem, como já fazia Celestin
Freinet, na França, em sua pedagogia do trabalho, como também fez José Pacheco,
na Escola da Ponte, em Portugal, como faz Aventino Agostini, na metodologia
Saber Fazer, em Passo Fundo, no Rio Grande do Sul e como fazemos na metodologia
IUPE de dinâmica grupal, em diversas escolas no Brasil.
O que não podemos é deixar de adaptar conteúdos ou
currículos, porque só assim permitiremos p pleno desenvolvimento de todos, sem
discriminar ninguém em momento algum!
[encerramento]
Amigos,
Vamos criar, juntos, uma nova era na educação desse país, a
partir de uma preparação continuada efetiva, prática, bem dentro da realidade
de cada um.
Participe conosco.
Inscreva-se nos nossos cursos, visite nossa livraria e,
quanto a esse canal, inscreva-se, curta, ative o sininho de notificações e,
mais importante que tudo isso, compartilhe e avise a todos os seus conhecidos,
para que tudo isso se torne real!
E saibam que terei imenso prazer em nos vermos, novamente,
nos nossos próximos encontros, sejam por aqui ou nos minicursos.
Sucesso para todos vocês e um forte abraço!
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