Amigos,
Essa semana obtivemos mais uma confirmação científica importante
sobre a necessidade de se ter toda uma atenção especial à criança, durante o
seu processo de formação cerebral inicial, principalmente entre os dois e os
quatro anos de idade.
Durante esse período a criança está, ou em casa, acompanhado por
um dos familiares ou por uma babá, ou está em uma creche.
Respeito a opinião das avós que não querem desgrudar do neto ou
que acham uma “atrocidade” levar seu netinho para uma creche, mas a minha
opinião é de que o ambiente da creche é o ideal para o seu correto
acompanhamento e desenvolvimento, desde que os profissionais que ali trabalham
estejam devidamente qualificados para isso.
Os estudos que estão sendo divulgados essa semana mostram que esse
período é exatamente quando o ambiente externo exerce a maior influência na
formação cerebral da criança e que, se for bem planejado, construirá uma forte
base intelectual, uma forte estrutura de controle emocional, psíquico e motor,
além de criar a capacidade de julgamento e de entendimento do mundo e do
outro.
Se o ambiente da creche ou em casa for bilíngue, por exemplo, o
lucro para o seu desenvolvimento futuro será imenso, já que a criança
construirá, em seu cérebro, as estruturas de linguagem dos dois idiomas, como
se fosse nativo em ambos.
Mas o mais importante de tudo isso está na identificação de
anomalias de desenvolvimento, como o autismo, por exemplo.
Qualquer anomalia intelectual ou motora percebida nessa fase
poderá ter seus sintomas reduzidos ou até revertidos, já que nessa fase as
intervenções pedagógicas terão muito mais efeito.
Esses estudos estão sendo divulgados aos poucos, parte
deles sendo publicados no The Journal of Neuroscience e
nos boletins da Brown University e do
Kings College.
Para os estudiosos de neurociência e neuropedagogia,
esses estudos apresentam uma nova forma de entender como as redes neurais da
criança estabelecem, com mais facilidade, nessa fase, programações básicas e
essenciais que definirão grande parte de sua vida futura.
Essa observação está sendo feita, principalmente, na
formatação inicial das redes que estabelecerão as funções gerais da linguagem e
as bases do entendimento e da elaboração da fala no idioma considerado nativo
.
.
Foram analisadas 108 crianças consideradas normais, todas
entre um ano e seis anos de idade.
A pesquisa estava voltada para a identificação da
distribuição da mielina em seus cérebros.
A mielina é a substância que serve, entre outras coisas,
para proteger os circuitos neurais.
Para quem estudou alguma coisa de biologia e neurociência
podemos ir mais adiante e comentar que é a mielina quem isola, eletricamente,
os axônios, possibilitando mais velocidade na transmissão dos sinais elétricos
para as sinapses.
Os resultados mostraram que a mielina só começa a se
fixar no cérebro a partir dos quatro anos.
Antes disso as redes neurais estão mais livres para serem
reagrupadas, significando que existe uma excelente plasticidade cerebral,
permitindo diversos tipos de reorganização.
Nesse período, devido a essa grande plasticidade, essa
formatação original pode sofrer fortes influências do ambiente externo.
Uma das influências muito interessantes será em relação
ao estabelecimento do processo da linguagem.
Uma criança, nessa fase, convivendo em um ambiente bilíngue, desenvolverá estruturas linguísticas perfeitas para os dois idiomas, tornando-a fluente, como se fosse nativa em ambos. Isso poderá acontecer, também, para o ambiente trilíngue.
Uma criança, nessa fase, convivendo em um ambiente bilíngue, desenvolverá estruturas linguísticas perfeitas para os dois idiomas, tornando-a fluente, como se fosse nativa em ambos. Isso poderá acontecer, também, para o ambiente trilíngue.
Mas podemos ir mais além nesse entendimento, a partir da
análise do que ocorre nessa fase, principalmente, agora, para os educadores e
estudiosos de psicopedagogia:
É bom lembrar que Henri Wallon conceituou essa fase de
sensório motora, quando ela adquire a marcha, ganhando autonomia para manipular
objetos e explorar espaços.
Se a criança estiver livre para experimentar suas
sensações e seus movimentos, ela construirá redes neurais adequadas ao seu
melhor controle motor, incluindo aí a segurança e o equilíbrio.
Se essa liberdade só ocorrer após os quatro anos, após o
estabelecimento das bainhas de mielina, a segurança na coordenação motora e no
equilíbrio já terão mais dificuldade em ser estabelecida.
Quando Erik Erikson analisa essa fase ele aponta para o
momento em que a criança começa a compreender que não
pode simplesmente explorar à vontade, mas que há regras a respeitar.
Essas regras são incorporadas à sua
programação com muito mais facilidade antes dos quatro anos.
A razão disso também pode estar na mielina
que, quando formada, dificulta a alteração das redes para estabelecer novos
conceitos.
Erikson também se refere à construção da capacidade de
julgamento que aparece nessa fase.
E podemos extrapolar daí que, inclusive a construção original de todos os conceitos básicos de pensamento estarão estabelecidos nessa fase.
E podemos extrapolar daí que, inclusive a construção original de todos os conceitos básicos de pensamento estarão estabelecidos nessa fase.
Quem desejar ler os estudos sobre a fixação da mielina, eles foram
publicados pela Brown University em 08/10/2013 em:
Recapitulando o que mais interessa aos educadores:
A criança entre os dois e quatro anos de idade deve estar sendo
acompanhada e observada de forma muito bem planejada, para permitir a
construção correta da sua base intelectual, emocional, psíquica e motora.
O ambiente rico em recursos didáticos com diversidade de formas,
cores, movimentos, objetos, sons e imagens facilitará a formatação original de
seu entendimento de mundo.
O ambiente bilíngue construirá, em seu cérebro, a estrutura
linguística dupla, tornando-a fluente nesses dois idiomas, como se fosse nativa
em ambos. Isso poderá ocorrer também para três idiomas.
Mas, volto a reforçar que:
O mais importante de tudo isso está na identificação de anomalias
de desenvolvimento, como o TEA (Transtorno de Espectro Autista), por exemplo.
Essas anomalias poderão ter seus sintomas reduzidos ou até
revertidos, já que nessa fase as intervenções pedagógicas terão muito mais
efeito.
Um forte abraço.
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