Olá amigos!
O que significa uma atividade adaptada, na sala de aula
regular, para alunos com Necessidades Educacionais Específicas?
Antes de responder, eu devo agradecer a Professora Laudízia
Maria de Araújo, a sugestão do tema.
E me dirijo aos professores da Escola Municipal de 1° Grau José
Araujo Neto, de Seabra-BA, mas também a todos os professores das outras escolas
que, porventura, tenham alguma dúvida sobre o assunto.
Então vamos lá!
Temos dois caminhos a seguir, para entender o que determinam
as leis sobre isso.
O primeiro é estar ciente de que os objetivos das Leis de
Inclusão (LDB, LBI Lei de Proteção ao Autista e Diretrizes Estaduais e Municipais)
são:
Garantir que cada aluno, independentemente de suas
características e dificuldades, estejam sempre evoluindo no seu aprendizado, a
partir daquilo que sabem, dentro de seu nível de entendimento.
Estimular as habilidades e competências dos alunos, independentemente
de suas características e dificuldades, para que desenvolvam a sua autonomia
futura.
Promover a socialização entre todos, independentemente de
suas características e dificuldades, preparando-os para a verdadeira inclusão
social.
Esses três objetivos são, não só objetivos legais, como
objetivos morais da sociedade como um todo.
Infelizmente nós temos que ser obrigados por lei a fazer
coisas que, na realidade, deveriam ser atitudes naturais nossas, já que nossa
missão, como educador, deve ser focada no desenvolvimento de cada aluno,
individualmente, analisando suas dificuldades e ajudando-o no seu
desenvolvimento como um todo.
E o pior é que, mesmo havendo Leis, ainda há pessoas que
tentam interpretá-las no sentido de prejudicar o aluno, em vez de ajudá-lo em
seu desenvolvimento.
Então vamos à prática, com um exemplo real:
Temos em uma sala de aula, do 9° ano, 27 alunos neurotípicos
e 3 alunos com deficiência intelectual, um deles no nível do 6° ano, e os
outros dois no nível do 7° ano.
Opção 1)
Se nossa escola adotar o sistema de EXCLUSÃO ESCOLAR, basta dar
a aula para o nível do 9° ano, ignorando a diferença de nível entre eles e os deficientes,
e passar para esses três alunos as mesmas tarefas e avaliações, SEM NENHUMA
ADAPTAÇÃO.
Lógico que o aluno, ao receber uma tarefa FORA DE SEU NÍVEL
DE ENTENDIMENTO, não entenderá nada e, além de tirar ZERO (se for uma avaliação),
terá a sua autoestima reduzida e poderá piorar todos os seus sintomas. Logico
que uma das consequências pode ser “abandonar” a escola.
Para esses alunos os professores colocarão nos boletins, e
no histórico de final de ano, ZERO em todas as notas e, nas observações, anotarão:
aprovado por ser aluno de inclusão.
Não só o aluno se sentirá excluído o tempo todo, e terá sua
autoestima totalmente anulada, e nunca mais conseguirá se desenvolver, como os
pais entrarão em desespero, sem saber o que fazer.
Opção 2)
Se nossa escola adotar o sistema de INCLUSÃO ESCOLAR, temos
que ter em mente que nossos alunos com NEE têm que se sentir aprendendo, todos
os dias, em todas as aulas, principalmente porque é dessa forma que a
autoestima deles se mantém elevada, e as suas dificuldades, e os seus sintomas,
acabam sendo reduzidos.
Então nossas aulas devem garantir que eles estejam se
sentindo muito bem e incluídos entre seus colegas.
Mas como fazer isso?
Esse é o papel principal das ADAPTAÇÕES de tarefas e avalições.
Vamos ver um exemplo real:
Vamos dar uma aula de matemática para a turma do 9° ano.
Analisamos o tema da aula, como está no livro, ou módulo, como
por exemplo, POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO (1° capítulo da 1ª Unidade Letiva) e:
A partir dessa análise vamos preparar os roteiros (ou estudos
dirigidos, já que a aula tem que seguir essa nova metodologia) para os alunos que
estiverem no nível do 9° ano. Esses roteiros são fáceis de preparar, porque já
vem no próprio livro ou módulo.
Agora vamos preparar o roteiro do aluno com diferença no
nível intelectual (6° ano). Usaremos a mesma figura do tema da aula, o mesmo colorido,
os mesmos desenhos e, inclusive, o mesmo nome, que no caso é: POTENCIAÇÃO E
RADICIAÇÃO. Mas vamos preparar um roteiro de estudo dirigido exatamente no
nível do aluno do 6° ano, onde ele aprenderá as bases para a potenciação e
radiciação, fazendo cálculos com os números naturais, que é o que eles devem
aprender agora. Só precisa ter criatividade.
Agora faremos a mesma coisa para os dois alunos no nível do
7°ano, onde eles aprenderão as bases para a potenciação e radiciação, fazendo cálculos
com os números inteiros, que é exatamente o que devem aprender agora.
Agora vem a aula, que deve seguir a orientação da
Metodologia IUPE de Dinâmica Grupal, ou qualquer outra que permita alcançar os
mesmos objetivos.
Todos se sentirão aprendendo alguma coisa relacionada ao
tema POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO, mas cada um trabalhará dentro do seu nível de
entendimento.
Na nossa experiência, o fato desses três alunos estarem
aprendendo cálculos com números inteiros ou naturais, em uma aula de
potenciação e radiciação, faz com que, em seu cérebro, o tema fique gravado de
tal forma que, mais tarde, eles acabam tendo muito mais facilidade, ao chegarem
ao nível do nono ano.
Isso é, na realidade, a ADAPTAÇÃO DE ATIVIDADES, ADAPTAÇÃO
DE AVALIAÇÕES, e ADAPTAÇÃO DE DEVER DE CASA.
Logicamente, como vocês podem ver, o professor terá que dará
essa aula por meio de roteiros de estudo dirigido, organizando os alunos em
grupos, para que ele tenha a possibilidade de dar explicações específicas a
cada grupo.
Se o professor quiser dar uma aula inclusiva utilizando o
método tradicional de aula totalmente expositiva e alunos em fileiras, acredito
que ele vá entrar em estresse e necessitar de apoio psiquiátrico muito em
breve.
O método de aula em Grupos Operativos é o único que eu
considero eficiente, para garantir a aprendizagem real de todos, usando as
adaptações direcionadas ao nível de cada um.
Então, como nós podemos ver:
Se não adaptarmos o conteúdo do tema da aula, para o nível
de cada aluno, promoveremos a sua exclusão, em vez de inclusão. Os alunos com
NEE não entenderá nada e se sentirá abandonado.
Se o tema da aula do aluno com NEE for diferente do resto da
turma, promoveremos a sua exclusão, em vez de inclusão, já que ele perceberá
que sua aula é uma e a dos colegas é outra.
Isso se aplica, como vimos, a tarefas em sala, tarefas para
casa e para todos os tipos de avaliações.
E no processo de avaliação ainda vamos mais adiante:
As questões das avaliações para os alunos com NEE devem ser
elaboradas pelo professor, tendo ele certeza de que o aluno já entende aquelas
questões e que saberá respondê-las.
Isso é importante porque o aluno com NEE, mais que qualquer
aluno neurotípico, precisa se sentir vitorioso na aprendizagem, para que a sua
autoestima estimule seu cérebro a melhorar sua capacidade de entendimento e aprendizagem.
A partir de agora peço que analisem o que eu disse para
trazerem as dúvidas que surgirem.
Vou digitar o que eu disse nessa conversa e publicar no
nosso BLOG, que é o: robertoandersen.blogspot.com
Assim, quem preferir ler em complemento ao vídeo, o texto
estará publicado.
Tudo isso, e muito mais, claro, está nesse meu último livro:
Estudos sobre educação: Inclusão Responsável.
Meu email: robertoandersen@gmail.com
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