quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Atividades adaptadas para alunos com necessidades educacionais específicas




Olá amigos!

O que significa uma atividade adaptada, na sala de aula regular, para alunos com Necessidades Educacionais Específicas?

Antes de responder, eu devo agradecer a Professora Laudízia Maria de Araújo, a sugestão do tema.

E me dirijo aos professores da Escola Municipal de 1° Grau José Araujo Neto, de Seabra-BA, mas também a todos os professores das outras escolas que, porventura, tenham alguma dúvida sobre o assunto.

Então vamos lá!

Temos dois caminhos a seguir, para entender o que determinam as leis sobre isso.

O primeiro é estar ciente de que os objetivos das Leis de Inclusão (LDB, LBI Lei de Proteção ao Autista e Diretrizes Estaduais e Municipais) são:

Garantir que cada aluno, independentemente de suas características e dificuldades, estejam sempre evoluindo no seu aprendizado, a partir daquilo que sabem, dentro de seu nível de entendimento.

Estimular as habilidades e competências dos alunos, independentemente de suas características e dificuldades, para que desenvolvam a sua autonomia futura.

Promover a socialização entre todos, independentemente de suas características e dificuldades, preparando-os para a verdadeira inclusão social.

Esses três objetivos são, não só objetivos legais, como objetivos morais da sociedade como um todo.

Infelizmente nós temos que ser obrigados por lei a fazer coisas que, na realidade, deveriam ser atitudes naturais nossas, já que nossa missão, como educador, deve ser focada no desenvolvimento de cada aluno, individualmente, analisando suas dificuldades e ajudando-o no seu desenvolvimento como um todo.

E o pior é que, mesmo havendo Leis, ainda há pessoas que tentam interpretá-las no sentido de prejudicar o aluno, em vez de ajudá-lo em seu desenvolvimento.

Então vamos à prática, com um exemplo real:

Temos em uma sala de aula, do 9° ano, 27 alunos neurotípicos e 3 alunos com deficiência intelectual, um deles no nível do 6° ano, e os outros dois no nível do 7° ano.

Opção 1)

Se nossa escola adotar o sistema de EXCLUSÃO ESCOLAR, basta dar a aula para o nível do 9° ano, ignorando a diferença de nível entre eles e os deficientes, e passar para esses três alunos as mesmas tarefas e avaliações, SEM NENHUMA ADAPTAÇÃO.

Lógico que o aluno, ao receber uma tarefa FORA DE SEU NÍVEL DE ENTENDIMENTO, não entenderá nada e, além de tirar ZERO (se for uma avaliação), terá a sua autoestima reduzida e poderá piorar todos os seus sintomas. Logico que uma das consequências pode ser “abandonar” a escola.

Para esses alunos os professores colocarão nos boletins, e no histórico de final de ano, ZERO em todas as notas e, nas observações, anotarão: aprovado por ser aluno de inclusão.

Não só o aluno se sentirá excluído o tempo todo, e terá sua autoestima totalmente anulada, e nunca mais conseguirá se desenvolver, como os pais entrarão em desespero, sem saber o que fazer.

Opção 2)

Se nossa escola adotar o sistema de INCLUSÃO ESCOLAR, temos que ter em mente que nossos alunos com NEE têm que se sentir aprendendo, todos os dias, em todas as aulas, principalmente porque é dessa forma que a autoestima deles se mantém elevada, e as suas dificuldades, e os seus sintomas, acabam sendo reduzidos.

Então nossas aulas devem garantir que eles estejam se sentindo muito bem e incluídos entre seus colegas.

Mas como fazer isso?

Esse é o papel principal das ADAPTAÇÕES de tarefas e avalições.

Vamos ver um exemplo real:

Vamos dar uma aula de matemática para a turma do 9° ano.

Analisamos o tema da aula, como está no livro, ou módulo, como por exemplo, POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO (1° capítulo da 1ª Unidade Letiva) e:

A partir dessa análise vamos preparar os roteiros (ou estudos dirigidos, já que a aula tem que seguir essa nova metodologia) para os alunos que estiverem no nível do 9° ano. Esses roteiros são fáceis de preparar, porque já vem no próprio livro ou módulo.

Agora vamos preparar o roteiro do aluno com diferença no nível intelectual (6° ano). Usaremos a mesma figura do tema da aula, o mesmo colorido, os mesmos desenhos e, inclusive, o mesmo nome, que no caso é: POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO. Mas vamos preparar um roteiro de estudo dirigido exatamente no nível do aluno do 6° ano, onde ele aprenderá as bases para a potenciação e radiciação, fazendo cálculos com os números naturais, que é o que eles devem aprender agora. Só precisa ter criatividade.

Agora faremos a mesma coisa para os dois alunos no nível do 7°ano, onde eles aprenderão as bases para a potenciação e radiciação, fazendo cálculos com os números inteiros, que é exatamente o que devem aprender agora.

Agora vem a aula, que deve seguir a orientação da Metodologia IUPE de Dinâmica Grupal, ou qualquer outra que permita alcançar os mesmos objetivos.

Todos se sentirão aprendendo alguma coisa relacionada ao tema POTENCIAÇÃO E RADICIAÇÃO, mas cada um trabalhará dentro do seu nível de entendimento.

Na nossa experiência, o fato desses três alunos estarem aprendendo cálculos com números inteiros ou naturais, em uma aula de potenciação e radiciação, faz com que, em seu cérebro, o tema fique gravado de tal forma que, mais tarde, eles acabam tendo muito mais facilidade, ao chegarem ao nível do nono ano.

Isso é, na realidade, a ADAPTAÇÃO DE ATIVIDADES, ADAPTAÇÃO DE AVALIAÇÕES, e ADAPTAÇÃO DE DEVER DE CASA.

Logicamente, como vocês podem ver, o professor terá que dará essa aula por meio de roteiros de estudo dirigido, organizando os alunos em grupos, para que ele tenha a possibilidade de dar explicações específicas a cada grupo.

Se o professor quiser dar uma aula inclusiva utilizando o método tradicional de aula totalmente expositiva e alunos em fileiras, acredito que ele vá entrar em estresse e necessitar de apoio psiquiátrico muito em breve.  

O método de aula em Grupos Operativos é o único que eu considero eficiente, para garantir a aprendizagem real de todos, usando as adaptações direcionadas ao nível de cada um.

Então, como nós podemos ver:

Se não adaptarmos o conteúdo do tema da aula, para o nível de cada aluno, promoveremos a sua exclusão, em vez de inclusão. Os alunos com NEE não entenderá nada e se sentirá abandonado.

Se o tema da aula do aluno com NEE for diferente do resto da turma, promoveremos a sua exclusão, em vez de inclusão, já que ele perceberá que sua aula é uma e a dos colegas é outra.

Isso se aplica, como vimos, a tarefas em sala, tarefas para casa e para todos os tipos de avaliações.

E no processo de avaliação ainda vamos mais adiante:

As questões das avaliações para os alunos com NEE devem ser elaboradas pelo professor, tendo ele certeza de que o aluno já entende aquelas questões e que saberá respondê-las.

Isso é importante porque o aluno com NEE, mais que qualquer aluno neurotípico, precisa se sentir vitorioso na aprendizagem, para que a sua autoestima estimule seu cérebro a melhorar sua capacidade de entendimento e aprendizagem.

A partir de agora peço que analisem o que eu disse para trazerem as dúvidas que surgirem.

Vou digitar o que eu disse nessa conversa e publicar no nosso BLOG, que é o: robertoandersen.blogspot.com

Assim, quem preferir ler em complemento ao vídeo, o texto estará publicado.

Tudo isso, e muito mais, claro, está nesse meu último livro: Estudos sobre educação: Inclusão Responsável.




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