quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Autismo Seletividade Alimentar



Seletividade alimentar do autista

A seletividade alimentar do autista pode estar ligada a, no mínimo, dois fatores:

1° Hipersensibilidade gustativa ou olfativa ou ambas;

2° Dependência de algum alimento que seu organismo não tolera;

Vamos ao primeiro:

Essa hipersensibilidade funciona da mesma forma que as demais hipersensibilidades dele.

A mais comum e, por isso, mais observada, é a hipersensibilidade auditiva, quando o autista, ao ouvir sons acima de sua tolerância, tapa os ouvidos. Ele faz isso porque toda hipersensibilidade provoca dores fortes em sua cabeça, nesse caso.

No caso da seletividade alimentar o problema pode estar na hipersensibilidade gustativa ou olfativa, que amplia enormemente os sabores ou os cheiros dos alimentos.

Imagine você comendo uma comida sem sal e achando sem graça. Aí alguém coloca um pouco de sal e ela fica mais agradável. Mas veja o que acontece quando se coloca sal demais! Não dá mais para comer!

O efeito desses sabores, no autista com hipersensibilidade gustativa ou olfativa é o mesmo. Os sabores específicos dessa comida que ele não quer, estão muito amplificados, ou pelos seus sensores químicos, na própria língua ou nariz, ou pelos processadores cerebrais.

Por que existe essa amplificação exagerada desses sabores ou cheiros?

Todas essas hipersensibilidades podem estar relacionadas ao excesso de neurônios nas redes neurais desses processadores.

Nossos neurônios nascem e se replicam, desde a fecundação, e começam a se juntar fazendo as conexões que chamamos de sinapses, para que tudo nosso funcione, desde o pensamento, o raciocínio, a capacidade de percepção e elaboração, os movimentos do corpo, e os comandos automáticos, como respiração, batimentos cardíacos e tudo o mais.

Começamos com 50 trilhões de conexões, aumentamos elas para 1000 trilhões, mas aos poucos as próprias redes neurais vão se dando conta de que não precisam mais de muitos neurônios.

Esses estão vão ser eliminados, para não atrapalharem o funcionamento das redes já em funcionamento. Isso significa apoda neural.

Após a pode ficamos com aproximadamente 100 trilhões de conexões, que são consideradas suficientes para todas as atividades de nosso cérebro encefálico.

Cada processador está numa localização diferente e uns podem ter tido a poda neural e outros não, por isso o autista não tem hipersensibilidade em tudo, mas apenas a alguma dessas percepções.

Os neurônios que sobram e que, na criança neurotípica, seriam eliminados, no autista continuam atuando e provocando excesso de informações para os processadores ou excesso de amplificação de sinais nos próprios processadores.

A segunda hipótese para essa seletividade é a dependência a algum alimento

Todo nutriente que o autista tem intolerância, pode estar sendo levado para a corrente sanguínea como um opiáceo, ou seja, ele vai fazer o mesmo efeito de qualquer droga, como maconha, cocaína, etc.

O autista, então, começa a criar uma dependência a essa comida, da mesma forma que o usuário de droga cria.

Nesse caso a eliminação do alimento, na dieta do autista, deve ser feita com parcimônia, da mesma forma que os médicos realizam o tal “desmame” dos medicamentos controlados.

Isso para evitar o aparecimento da síndrome de abstinência.

Como tratar a seletividade, então?

Os terapeutas ocupacionais e os fonoaudiólogos, com a ajuda de nutricionista e uma cozinheira que aprenda a fazer a comida que o autista tolera, mas sem o sabor ou cheiro que ele está amplificando e, por isso rejeitando, são os profissionais adequados para irem realizando esse tratamento.

Assim como para todas as demais hipersensibilidades, nós sempre recomendamos ir, de forma lúdica, mas com bastante cuidado, estimulando os elementos sensoriais correspondentes àquela hipersensibilidade, para tentar provocar o ajuste desses processadores, mas nunca criando expectativas de resultados imediatos, já que  isso significa uma reorganização de diversas redes neurais com excesso de neurônios.

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