segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Devolução de livros: um equívoco educacional

Chegando o final do ano letivo uma das obrigações dos professores das escolas públicas é exigir dos seus alunos a devolução de seus livros didáticos. Anúncios são veiculados nas emissoras de televisão mostrando a necessidade de conservarem bem seus livros para que, no ano seguinte, outros possam usufruir desse valioso bem. Mensagem muito bonita, mas com objetivos que devem ser bem analisados. Segundo eu soube, o governo distribui os livros didáticos de quatro em quatro anos apenas. Sendo assim os alunos são obrigados a utilizar livros usados durante três anos.

Para ajudar nessa análise é conveniente lembrar que nosso cérebro trabalha permanentemente em regime de autoprogramação. Mas quando essa programação não é realizada pela própria pessoa, alguém externamente a realiza... à sua conveniência. E um dos detalhes mais prejudiciais ao trabalho cerebral é a programação negativa, em todos os seus aspectos.

Vejamos, então, o que ocorre no período posterior às férias escolares. As crianças chegam à escola dando demonstrações claras de que esqueceram "de quase tudo" o que aprenderam no ano anterior. Poucas crianças chegam com o embasamento que todos os professores desejam encontrar. A insatisfação desanima os professores quando eles percebem a necessidade de revisar todo o conteúdo para conseguir ensinar o que está em seu planejamento.

Por que esqueceram de tudo? Porque programaram "esquecer" e o cérebro simplesmente cumpriu a programação estabelecida. Como foi feita essa programação? Simples demais! Observe apenas o que se comenta em casa mesmo sobre as férias escolares: "Agora esqueça escola e livros. Vamos curtir as férias". Se simplesmente dissessemos a nós mesmos: "Vamos curtir as férias" e eliminássemos a parte de "Agora esqueça a escola e os livros", estaríamos programando nosso cérebro para ter um excelente período de férias, mas sem programar qualquer tipo de esquecimento.

Um bom planejamento de férias inclui leitura de jornais, revistas e livros em algum momento do dia. O período de um dia é suficiente para atividades lúdicas, atividades esportivas, atividades intelectuais, incluindo aí momentos de ócio criativo, como bem define Domenico de Masi. Um momento de pesquisas relacionando um fato jornalístico a um assunto aprendido na escola vai sedimentar conhecimentos extremamente necessários à vida como um todo, incluindo aí a vida pessoal e profissional.

Imagine agora uma casa em que o único objeto de leitura é o livro escolar da criança. Imagine essa família sendo influenciada para ler alguma coisa. E agora perceba que não há o que ler. O único elemento para isso foi devolvido para a escola. E todo esforço feito pelos professores dessas crianças para que elas desenvolvam o interesse pelo conhecimento e pelo saber será perdido! Escoará pelo ralo da incompetência ou irresponsabilidade...

sábado, 5 de dezembro de 2009

Anomalia na Memória Lógica de um Menino

Vamos iniciar uma análise de um caso real, ocorrendo nesse momento, onde estamos tomando o cuidado apenas de alterar os nomes e locais.

Marta, professora da quarta série (5º ano), mesmo sabendo que não deve comparar as crianças, que cada uma tem a sua velocidade de desenvolvimento e as suas habilidades específicas, apavorou ao perceber que Jorge destoava muito do conjunto de meninos daquela turma! Sua dificuldade em matemática estava muito grande, apresentando características de falha na memória lógica, classificação, peso, quantidade, etc.

O sistema educacional exige que todos estejam acompanhando o conteúdo da série. Os que não conseguirem repetem o ano, a não ser que sejam de uma escola pública de promoção automática... o que talvez seja ainda pior... já que continuam sua trajetória sem que os professores sequer precisem se preocupar com seu desenvolvimento... é o sistema...

Mas, nesse caso, Marta está preocupada com o desenvolvimento de Jorge. É um desafio para ela!

Marta pede ajuda! Ninguém na escola sabe o que fazer. A maioria dos colegas professores prefere ignorar o fato! Acham uma perda de tempo essa preocupação de Marta. Ela nos procura e nós vamos, com a ajuda de todos, tentar encontrar um caminho para esse menino.

Precisamos, inicialmente, coletar todos os dados possíveis, ou seja, fazer uma anamnese do menino e da família, para podermos encontrar um ponto de partida. No decorrer da análise vamos verificar se há necessidade de estender a anamnese.

a) Jorge tem onze anos. Ele gosta de desenhar (e desenha bem) e gosta de jogar bola (participa de uma escolinha de futebol). Como a maioria dos meninos, ele diz que ser jogador profissional é o seu maior sonho. Sua dificuldade em matemática estava muito grande, apresentando características de falha na memória lógica, classificação, peso, quantidade, etc.

Pelo relato apresentado ele é um menino com desenvolvimento compatível com a idade exceto na memória e raciocínio lógicos. A identificação das suas habilidades é um ponto importante para o desenvolvimento do trabalho de acompanhamento do menino. O ponto que está faltando definir é o das suas habilidades na memória e raciocínio lógicos. O que foi definido foram as suas limitações.

Observem bem: precisamos saber o grau de suas HABILIDADES nessa área e não o grau de suas DIFICULDADES! Se existe uma anomalia temos, IMEDIATAMENTE, que considerar aquele menino no início do desenvolvimento daquela característica específica, como se nenhum menino naquela idade já tivesse aquela característica desenvolvida! Esse é o ponto!

Como seu cérebro, ou mais apropriadamente, suas ligações neuronais, não se desenvolveram de forma apropriada para permitir aquela facilidade de entendimento, compreensão ou cognição, é como se ele estivesse no início dessa fase, enquanto os demais meninos já a completaram há muito mais tempo.

Mas a comparação com os demais meninos só deve ser feita para efeito de estudos de características padrões de desenvolvimento cognitivo, mas jamais para o acompanhamento de um caso específico, já que qualquer comparação tira, do profissional, a sua capacidade de entendimento real do processo de desenvolvimento daquele menino em especial.

As comparações do estado do desenvolvimento da memória e do raciocínio lógico de Jorge no dia de hoje só poderão ser feitas em relação a ele mesmo ontem! Nunca em relação aos demais meninos! E cada passo dado em direção a essa nova realidade, por menor que seja esse passo, deve ser motivo de verdadeira satisfação dos que o acompanham no processo.

Então, o que Marta pode fazer?

Aplicar exercícios de lógica simples e de memorização simples.
Reconhecer cada uma de suas vitórias.
Alegrar-se, de verdade, a cada vitória de Jorge.

Se o processo em desenvolvimento é o de memória e raciocínio lógico, devem ser aplicados a Jorge exercícios de memorização e raciocínio lógico bem elementares e claros, para permitir essa nova programação cerebral.

Essa programação será realizada pelo estímulo de seus neurônios para criarem, gradativamente, novas ligações neuronais para dar suporte a essa nova forma de pensamento, raciocínio e memorização.

Cada vitória que Jorge perceber em cada um desses exercícios determinará a elevação gradual de sua auto-estima e auto-confiança, estimulando mais rapidamente ainda esse desenvolvimento.

b) Pai, separado da mãe, não demonstra qualquer interesse por ele. Jorge mora com a mãe, um padastro e uma irmã, filha dessa segunda união.

Toda criança precisa sempre do amor de ambos (pai e mãe) independente deles estarem juntos ou separados. Para uma criança o pai, por pior que seja, é a fonte de seu amor masculino. A mãe, da mesma forma, é a fonte desse amor feminino. Toda criança e, nesse caso, Jorge, precisa ter elementos para construir dentro de si mesmo o seu amor masculino e o seu amor feminino. A falçta de um desses dois provocará uma desarmonia emocional exatamente no aspecto AMOR.

Substituir o pai ou a mãe por um padrasto ou uma madrasta nem sempre é eficaz. Por melhor que seja esse padrasto ou essa madrasta, não substituirão totalmente a fonte de amor que o menino necessita. O padrasto de Jorge poderá apenas estar exercendo o papel de MENTOR em sua formação. Isso se eles tiverem uma EMPATIA muito boa, ou seja, se Jorge e seu padrasto estiverem se relacionando muito bem. Nesse caso ajudará bastante em todo o seu processo de desenvolvimento. Mas como isso não está aparecendo na sua realidade de desenvolvimento, acredito que esse relacionamento não está alcançando o nível desejado.

Atitudes paralelas necessárias a tal acompanhamento que Marta poderá tentar conseguir, com o apoio de serviços de assistência social da Prefeitura ou Conselho Tutelar ou outro órgão que tenha pessoas interessadas no ser humano:

a) PAI - é conveniente verificar a possibilidade de Jorge ter contato com seu pai, analisando, antes disso, se existe uma forma de se preparar o seu pai para essa responsabilidade afetiva.
b) PADRASTO - é necessário estimular uma relação afetiva entre Jorge e seu padrasto, de modo que ele se sinta amado por um pai substituto, o que poderá reforçar a sua segurança na construção de seu amor masculino.
c) MÃE - um acompanhamento em forma de terapia psíquica (psiquiatria e psicoterapia) é necessário para que ela se afaste totalmente de processos depressivos, já que essa anomalia é a que mais contribui para a destruição da família. Muito importante ensinar a essa mãe os processos de eliminação de tristeza que tanto enfatizo em minhas aulas (caretas e massagens faciais todas as manhãs).
d) IRMÃ - deve ser estimulado em Jorge o amor pela irmã e a responsabilidade para com a realização, por ele, de brincadeiras com ela. É importante que ele se sinta responsável pela felicidade da irmã, porque isso lhe trará uma sensação de satisfação emocional muito interessante. Frases como: "Veja, Jorge,. como sua irmã adora quando você brinca com ela"... etc... "Só você, Jorge, consegue entender tão bem sua irmã!"

c) Ela reclama que seu filho, Jorge, é muito bruto com ela. Que ela tenta dar carinho para ele e ele rejeita. Ela praticamente não consegue se aproximar dele.

A mãe precisa aprender a sentir amor pelo seu filho. Tentar dar carinho e tentar se aproximar demonstra que ela não tem qualquer intimidade com Jorge! Isso significa que suas prioridades não estão em seu filho, mas sim no marido atual. Ela deve ter medo de se dedicar muito ao filho e assim desagradar o marido. Isso é erro muito comum, mas que deve ser corrigido imediatamente por meio de um processo de terapia familiar.

Desafio para Marta: Conseguir uma psicoterapia individual para Marta e, se possível, uma psicoterapia familiar para Jorge, mãe, irmã e padrasto.

Muitas mulheres consideram que não são mais atraentes aos homens e, por isso, acreditam que se não se dedicarem a conquista permanente do que está com elas, nunca mais terão nenhum outro... e assim acabam prejudicando a felicidade de seus filhos. O luta interna (dentro da mente dessa mãe) para poder agradar o marido e ao mesmo tempo dar a atenção que seu filho necessita, pode ser uma das causas de seu estado depressivo.

d) O relacionamento de Jorge com seus colegas na rua e na escola parece ser normal.

É conveniente pedir a todas as pessoas que convivem com Jorge para analisarem o seu relacionamento com colegas e com professores. Desse relacionamento poderemos chegar a outras conclusões que poderão nos ajudar a conhecer melhor o caso e alcançar melhores resultados no processo de acompanhamento.

Desafio para Marta: Analisar sinais no comportamento de Jorge que possam denunciar outros problemas mais graves, como abuso sexual ou outro tipo qualquer de abuso, por parte de colegas ou até familiares.

Esse é o primeiro momento de nossa análise. Aguardo comentários e outros dados. Aqueles que tiverem casos semelhantes poderão enviar mais dados, para que, em cima dessa nova análise, possamos enriquecer nosso conhecimento nessa área, que é de interesse de todos nós.

Seus comentários podem ser enviados diretamente para meu E-Mail: <robertoandersen@gmail.com> colocando em ASSUNTO: BLOG Comentario

Um grande abraço e sucesso para todos

domingo, 29 de novembro de 2009

Educação Infantil: alguns elementos básicos

Amigos,

Nesse final de ano letivo é sempre bom lembrar algumas pequenas, mas importantes, dicas para quem está no processo de educação infantil, seja como pai, como professor, como psicopedagogo ou como terapeuta. Em meu livro "Afetividade na Educação" já toco no assunto em alguns capítulos, embora não concentrando para a Educação Infantil, como: no capítulo EDUCANDO na análise das primeiras fases da criança e suas necessidades (págs. 77 em diante); no capítulo seguinte nas diferenças da formação cerebral entre meninos e meninas (págs. 116 em diante).

Mas vamos a alguns elementos básicos que devem ser analisados cuidadosamente para servir como reflexão para a atividade educacional de cada um de nós, dentro de nossas funções ou até mesmo fora delas!

Lembro que o mais importante ponto a se considerar é a diferença entre cada uma das crianças! Temos a tendência muito incorreta de querer generalizar o grupo de crianças em uma sala de aula. O próprio uso da sala de aula já encerra um ambiente generalizado em que o comportamento deve ser igual para todos sob o risco de alguns serem considerados errados em relação aos outros.

O ideal para um ambiente de educação infantil é uma área em que sejam oferecidos ambientes diversificados, cada canto com um tipo diferente de atrativo, para nos ajudar, inclusive, a começar a identificar as tendências de habilidades intelecto-emocionais a partir dos ensinamentos de Gardner.

Um canto com argila, um canto com materiaçl para desenho, um canto com material para pintura, um canto com recortes, outro com brinquedos de armar, outro com instrumentos de música, etc. etc...

Como nem todas as salas possuem mais do que quatro cantos (rsrsrs) pode-se revesar os cantos em cada dia de trabalho, fazendo com que as crianças fiquem curiosas sobre o tipo de arrumação que terão no dia seguinte! Até isso constitui um estímulo à criatividade e ao questionamento: Por que tal canto foi mudado para esse lado? Por que aquele canto foi substituído por esse?
Qual o melhor ambiente da semana? quem pode sugerir um canto novo? Uma idéia nova? Uma música diferente?

Mas vamos aos pontos a refletir. Esses são básicos na formação do caráter e no desenvolvimento da intelectualidade e emocionalidade:

1. LUDICIDADE - A ludicidade deve ser uma preocupação constante, para que a criança sinta prazer durante todo o período escolar. Prazer significa estar sendo estimulado a todo instante com o reconhecimento daquilo que está produzindo. A criança sente uma imensa satisfação nesses momentos.

2. LIMITES - A todo momento as crianças devem estar aprendendo as suas responsabilidades e a necessidade de todos terem seus limites. isso pode ser feito com brincadeiras e vivências apropriadas. Há os livros do Instituto Vivendo Valores e os do Character Education Initiative, o primeiro da Brahma Kumaris e o segundo da Universal Peace Federation. Mas todos nós podemos desenvolver nossas próprias técnicas e metodologias.
3. COORDENAÇÃO MOTORA - O momento da Educação Infantil é o que está ajudando o cérebro a desenvolver todas as ligações neuronais ligadas às futuras atividades e habilidades técnicas, profissionais e artísticas. Cada passo no estímulo ao desenvolvimento dessa coordenação é importante para essa formação. E nessa hora todos temos que levar em conta que a facilidade de um não significa que será igual para todos. Cada criança tem a sua própria velocidade e a sua prioridade específica na formação dessas habilidades motoras. Para acompanhar o desenvolvimento das crianças devemos aprender a compará-la apenas com ela mesma e mais ainda: devemos desenvolver o hábito de ficarmos realmente satisfeitos com a melhora da habildade de cada uma das crianças, mesmo se essa melhora for mínima e muito menor que de todas as demais.

4. CAPACIDADE SENSORIAL - Nossos elementos sensores não são utilizados na sua íntegra por causa do deslumbramento que a visão nos proporciona! Essa falha é incutida a todos nós durante nossa educação infantil. Por isso exercícios de identificação de sons (intensidade, tipos e direção provável da fonte sonora), de paladar (azedo, doce, ácido, etc.), de aroma e de tato são essenciais a esse desenvolvimento.

Além dessa falha ainda há o direcionamento, nesse período, de sensibilizações específicas para meninas e para meninos. Às meninas é permitido o desenvolvimento das sensibilidades emocionais e aos meninos é permitido apenas a sensibilização de quantidades e tamanhos. O machismo prejudicando o desenvolvimento integral dos dois hemisférios cerebrais. Por isso recomendo exercícios com identificação de aromas pelas diferenças olfativas e pelas qualidades subjetivas (mais agradável, menos agradável, mais intenso, menos intenso), assim como exercícios de identificação, por exemplo, de flores, pelo seu desenho, suas formas e suas cores, sempre enfocando qualidades subjetivas que desenvolvam, no menino, o seu hemisfério direito

A partir desses pontos básicos outros entrarão na lista de prioridades, mas sempre mostrando-se aos profissionais (professores, psicopedagogos e terapeutas) que cada criança deve ser analisada na sua individualidade e nas suas especificidades, inclusive na sua velocidade de desenvolvimento (cada uma tem a sua) e nas suas diferenças de habilidades. Todo cuidado é necessário para se evitar que surjam elementos bloqueadores do desenvolvimento intelecto-emocional.

quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Entrevista com o presidente da Academia Brasileira de Filosofia

Amigos,


Essa entrevista merece ser lida para reflexões. Como sempre procuro insistir com todos os meus alunos, leiam e questionem, mas leiam sempre tudo. O que ficar em dúvida merece uma boa pesquisa a respeito.



TRADUÇÃO DA ENTREVISTA QUE O PRESIDENTE DA ACADEMIA BRASILEIRA DE FILOSOFIA, PROF DR JOÃO RICARDO MODERNO*, CONCEDEU A PAOLLO DELLA SALA, UM DOS MAIS IMPORTANTES JORNALISTAS POLÍTICOS DA ITÁLIA, DO JORNAL ITALIANO "LIBERAL"


1. Qual é a atividade da Academia Brasileira de Filosofia?

A Academia Brasileira de Filosofia é uma instituição civil sem fins lucrativos que tem por objetivo a memória e divulgação do pensamento brasileiro no Brasil e no exterior, internacionalizando a filosofia brasileira. Nosso esforço tem sido o de desenvolver a sede da Academia do ponto de vista material, e ao mesmo tempo realizar eventos variados, normalmente com parceiros diversificados. As posses dos membros perpétuos são momentos de alta relevância cultural-científica.

A atividade da Academia envolve posses de membros, seminários, colóquios, palestras, cursos, eventos de outras instituições científicas e culturais, lançamentos de livros, reuniões dos acadêmicos, etc. Nós criamos o Centro Cultural da Academia que espera receber patrocínio de grandes empresas. Nós teremos uma galeria de arte, concertos de música erudita e popular brasileira, um restaurante, uma nova revista internacional de filosofia, uma coleção de livros de filosofia brasileira para editoras estrangeiras, cursos de filosofia gratuitos, prêmios variados, alem de outras iniciativas científicas e culturais.

A Academia Brasileira de Filosofia fundou em Moscou em 2009 o Departamento de Filosofia e Cultura Brasileira através do Ministério da Cultura da Rússia, no Instituto Russo de Pesquisa Cultural (Culturologia), chefiado pela professora doutora Irina Malkovskaya. Ela esteve no Rio de Janeiro de 10 a 30 de setembro para estabelecer o conteúdo do programa do Departamento. Pela primeira vez na história da Rússia foi estabelecido um acordo oficial com o Brasil nas áreas científica e cultural. Nós acreditamos que esse acordo será extremamente benéfico para ambos os países, e no nosso caso, que nós poderemos ser muito úteis para a transição russa do totalitarismo comunista em direção à democracia e à liberdade. Eu quero fundar um Carnaval do Rio de Janeiro em Moscou, além de diversas atividades. Nós seremos interlocutores para debates filosóficos, científicos, culturais, econômicos e políticos. O BRIC irá funcionar.

2. Qual é a situação cultural no Brasil e em toda a America Latina? Já não há mais poetas e escritores, samba e bossa nova já se foram (exceto Marisa Monte…). A ciência parece atravessar um impasse, a ler o que escreve Ronaldo Mourão em "Os 50 anos da Nasa e do Brasil"… A filosofia… qual é sua importância?

O Brasil está muito ativo culturalmente. Eu mesmo inscrevi o poeta e romancista Carlos Nejar como candidato ao Prêmio Nobel de Literatura, por ocasião de uma visita minha à Academia Sueca em 2004. É um gênio da literatura mundial, nascido no Rio Grande do Sul e residente atualmente no Rio de Janeiro, embaixo do Pão de Açúcar, frente ao mar da Baía de Guanabara. Ele completou 70 anos este ano. A literatura brasileira está em uma fase excelente. A dança erudita é bastante festejada no mundo, assim como a popular. As artes plásticas hoje estão com nível de qualidade muito abaixo do nível alcançado no século XX. Não vejo muita perspectiva para as artes plásticas brasileiras. A música erudita não apresenta nenhum gênio criador mas nós temos excelentes maestros com concertos pelo mundo todo. A música popular é como o nosso futebol, a cada momento as grandes revelações nos enchem de alegria. Há muitos nomes de grande talento surgindo, sejam cantores ou compositores. Marisa Monte já seria um nome antigo.

A ciência brasileira tem dado saltos de qualidade, apesar dos obstáculos gerados pelos sucessivos governos. O Instituto Oswaldo Cruz é um grande exemplo de sucesso na pesquisa. O Ministério da Educação é o grande responsável pelo atraso em muitas áreas, pois há um órgão do Ministério chamado CAPES que controla a autorização da abertura de mestrado e doutorado nas universidades. É um controle que não tem paralelo no mundo civilizado. Apesar de a Constituição Federal conter um artigo que determina a autonomia acadêmica das universidades, nenhum programa de pós-graduação pode funcionar legalmente sem a autorização da CAPES.

A filosofia é vítima do mesmo sistema repressor. Mesmo assim, a filosofia brasileira evoluiu muito nos últimos 30 anos. Temos filósofos de reconhecido mérito em todas as áreas, com boa aceitação internacional. Em lógica matemática, Newton da Costa é tido como o mais importante no mundo hoje. Ele acaba de completar 80 anos. O que falta é a filosofia brasileira ser aceita como fundamental para o desenvolvimento do Brasil pelo todo da sociedade brasileira. A filosofia é obrigatória em todo o país no ensino médio ou secundário, o chamado segundo grau. A Academia Brasileira de Filosofia tem desempenhado um papel importante nessa conscientização da aceitação da filosofia nas políticas públicas. A filosofia tem assumido uma responsabilidade enorme nos destinos do Brasil, e a Academia Brasileira de Filosofia tem sido líder nesse processo.

3. A América Latina parece ser o último continente onde a esquerda pode viver e governar. Porque este "Back to the future"?

Muito importante a sua pergunta. Cuba e Brasil lideram, no plano teórico, a restauração do totalitarismo comunista mundial. Com o fim da URSS, Cuba desespera. Fidel convoca todas lideranças regionais de extrema esquerda para traçar uma estratégia comum. Cuba perdeu $ 5 bilhões de dólares por ano. A esquerda da América Latina uniu-se às FARC para obter financiamento da cocaína para a sua sobrevivência política. O sonho de mergulhar a America Latina na barbárie comunista foi ressuscitado. Chávez é o novo Carlos, o Chacal. A Revolução Bolivariana vem comprando e seduzindo políticos em toda a América Latina. As FARC são parte do chamado Foro de São Paulo, criado por Fidel Castro e Lula, seu primeiro presidente. Lula não é conhecido mundialmente por esta característica, mas sim pela outra, falsa, de democrata liberal. O Senado brasileiro está sendo pressionado por Chávez para aceitar a Venezuela no Mercosul, mas a associação de Chávez com o Irã agrava a situação. Todo cidadão iraniano ganha um passaporte venezuelano ao desembarcar na Venezuela. Caso ele seja aceito no Mercosul, qualquer iraniano entrará no Brasil legalmente, o que garante ações terroristas em curto prazo.

A esperança do Irã é islamizar a América Latina, único continente majoritariamente cristão, onde o Islã não entrou. Afirmam que Chávez teria se convertido ao islamismo. Carlos, o Chacal, venezuelano, afirma da prisão perpétua em Paris que ele conciliou o comunismo com o islamismo. Talvez seja essa a perspectiva de Chávez. Ele pensa unificar a América Latina sob seu comando, acabando com os Estados nacionais. A UNASUL. Será uma guerra sem precedentes na América Latina, que poderá começar com guerras civis nacionais e estender-se internacionalmente. O acordo nuclear com o Irã tem causado profundas preocupações. O serviço secreto britânico publicou um relatório na Inglaterra acusando Chávez de traficante internacional de cocaína, informando que a Força Aérea Venezuelana busca na selva com as FARC a cocaína que, em seguida, é transportada e distribuída na Europa. Segundo o relatório, 90% da cocaína consumida na Inglaterra e' de responsabilidade de Chávez. Os EUA acabam de divulgar um relatório semelhante sobre a cocaína vendida em seu território.

O Foro de São Paulo tem as FARC como membro fundador. Marulanda era o nome do representante das FARC no Foro de São Paulo. Várias revelações surgirão em breve tiradas do computador de Raúl Reyes, morto pelas Forças Armadas da Colômbia em território equatoriano. Brasil, Cuba, Equador, Venezuela, Bolívia, Argentina, Paraguai e Nicarágua estão unidos no projeto do neototalitarismo comunista. A barbárie não descansa.

Sarkozy, presidente da França, teria viajado para a Venezuela para encontrar-se com Chávez. Segundo fontes venezuelanas, Chávez teria proposto a libertação e extradição de Carlos, o Chacal, em troca de petróleo a preços muito abaixo do mercado. O embaixador da Venezuela em Cuba, por muitos anos, foi o irmão do Chacal. Portanto, há uma movimentação explosiva em curso na América Latina.

4. Lula parece ser, como Bachelet do Chile, um líder de esquerda, porém realista e moderado: muito mais parecido com Obama que com Hugo Chavez, porém isto é o que parece graças à imprensa "mainstream" de todo o mundo. Não é exatamente assim? Por exemplo, li em uma agência de imprensa iraniana que Lula e o Brasil defendem o direito do Irã realizar o programa nuclear. Também o fazem os países "Não aliados". Por que este delírio político?

O presidente do Brasil assumiu a preservação da economia de mercado, pois ele corria o risco de um grande movimento popular para derrubá-lo caso quisesse implantar o comunismo imediatamente. O sucesso da economia brasileira o manteve dentro dos limites do aceitável. Ele não é moderado por natureza mas por conveniência política e esperteza sindical. Ele não pode deixar de ser moderado. Ele tolera a democracia liberal. Ele tem medo de ser visto como radical de esquerda. Daí a dissimulação.

Entretanto, a Casa Civil, que é o ministério que detém de fato o poder político federal, teve José Dirceu como ministro. Dirceu foi terrorista e espião cubano no Brasil, traindo o país. Teve o mandato de deputado federal cassado por corrupção, no episódio conhecido como "mensalão", que era um pagamento ilegal que o governo federal fazia aos deputados e senadores para aprovarem as leis oriundas ou do interesse do poder executivo. Eles eram comprados literalmente. A sua substituta no ministério também é oriunda do terrorismo, Dilma Roussef. Logo, a Casa Civil está entregue ao grupo mais radical de esquerda, o grupo que nasceu no terrorismo das décadas de 1960 e 1970. Isso não é gratuito. Esse fato explica as relações ideológicas xipófagas com o Chávez. Obama é ambíguo, determina a proibição de visto dos EUA aos membros da Suprema Corte de Honduras, que decidiu pela deposição de um presidente-ditador e aliado das FARC, e mantém restrições econômicas contra Cuba. Joga nos dois lados. Bachelet, do Chile, é mais moderada, mas ideologicamente com tendência a apoiar Chávez, conforme suas decisões políticas têm mostrado. Lula - não o Brasil - defende o direito do Irã de realizar o projeto nuclear. O verdadeiro Lula é o Lula de Fidel Castro, Chávez, FARC, Irã, Hamas, Coréia do Norte. O atraso ideológico está no poder. A Europa é muito ingênua quanto a Lula. Eu reconheço que ele engana todo mundo. Um dia ele será descoberto. Aqui, na Europa e no mundo.

5. As relações dos intelectuais esquerdistas revolucionários - italianos, em particular - com o Brasil (e todo o continente): Toni Negri está por trás de todas as invisíveis revoluções latino-americanas, desde Cuba até Bolivia e Brasil? Qual é a penetração cultural dos politicos italianos no Brasil, por exemplo, Cesare Battisti, condenado como assassino na Italia, defendido pela casta dos intelectuales franceses, e abrigado do Brasil?

De fato, nós temos observado uma presença de extremistas italianos nos vários níveis do governo federal brasileiro. Eles têm o mesmo afeto e carinho que recebem os membros das FARC no Brasil. Eles estão unidos pelo mesmo projeto. Eles circulam livremente pela America Latina, em uma internacional bolivariana. Toni Negri é assessor permanente de Chávez, que segue literalmente suas idéias contidas no livro "O Poder Constituinte", traduzido no Brasil, assim como quase todos os livros de Negri. Ele é o mais influente de todos. O mais perigoso. Ele é o grande ideólogo da Revolução Totalitária Comunista da América Latina, intitulada eufemisticamente Bolivariana. Chávez está reunindo extremistas islâmicos, comunistas e nazistas. A comunidade judaica na América Latina está toda em alerta total. Sinagogas foram invadidas na Venezuela e na Bolívia. O Hezbollah está implantado em vários países da America Latina, inclusive no Brasil. Nós temos informações de treinamento de índios-bomba na Venezuela, inclusive crianças.

Battisti não tem nenhuma influência política no Brasil. Ao menos publicamente. É possível que prestasse assessoria esquerdista a setores do governo federal. Carla Bruni foi acusada de ter pedido ao presidente Lula a libertação de Battisti, tentando impedir a sua extradição para a Itália. Esse suposto pedido teve uma grande e negativa repercussão no Brasil. A opinião pública brasileira é majoritariamente a favor da extradição para a Itália. O Supremo Tribunal Federal deve votar pela extradição, ao menos essa é a tendência hoje. A grande maioria dos políticos e democratas brasileiros luta pela extradição. Enquanto eu publico e divulgo as obras do filósofo italiano Luigi Pareyson, a extrema esquerda publica e divulga Toni Negri. Eis a grande diferença, o abismo que me separa dos totalitários de esquerda.

6. Outras argumentações que para o senhor são importantes… Por exemplo, relações econômicas entre Brasil e Itália. O premier esquerdista Romano Prodi foi muito próximo de Lula, creio que por muitos negócios de George Soros (que havia investido muito na América Latina pelo biodiesel)…

Servir a dois senhores, à democracia liberal e ao totalitarismo comunista ao mesmo tempo - uma publica e outro dissimuladamente - não pode resistir muito tempo. As ambigüidades acabam tendo que ter e escolher um só caminho. Lula não está mais conseguindo esconder suas reais intenções e ideologia. Ele é um grande e hábil dissimulador. Suas formas tortuosas de expor as idéias, escondendo, e de esconder ao expor, já está devidamente decodificada pela inteligência brasileira. Ele alimenta a economia de mercado para não despertar suspeitas. Ele irá jogar a última fase da revolução comunista na conta e responsabilidade do novo presidente em 2010, que ele luta por ser uma mulher, Dilma Roussef. Caso eleita, caberá a ela o salto final no escuro. Pular no abismo. Nada une um esquerdista italiano e um brasileiro, a não ser um discurso genérico. O esquerdista brasileiro é um automóvel dos anos 1940, que imagina reinventar a Revolução Russa de 1917, ao som de samba com salsa. Tudo se converte em ideologia. Mesmo a etnia, seja ela qual for. Na falta do ortodoxo proletariado, toma-se um pouco de cada uma das etnias, mistura-se com estudantes vendidos, camponeses profissionais do MST (Movimento dos Sem Terra) e uma boa dose de ódio: o resultado é um extravagante ET desembarcando no mundo contemporâneo.

* JOÃO RICARDO MODERNO

PRESIDENTE DA Academia Brasileira de Filosofia.

DOCTEUR D'ÉTAT EM FILOSOFIA PELA UNIVERSITÉ DE PARIS I – PANTHÉON – SORBONNE

PROFESSOR DO DEPARTAMENTO DE FILOSOFIA DA UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Academia Brasileira de Filosofia
Prof. Dr. João Ricardo Moderno
Presidente
Tels.: (21) 2252-8593 // 2252-8551
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segunda-feira, 9 de novembro de 2009

A ANEXAÇÃO DA COLOMBIA AOS ESTADOS UNIDOS

Retranmsmito abaixo o comunicado que recebi da embaixada de Cuba, escrito por Fidel Castro, sobre o processo atual anter Estados Unidos e Coilômbia, que está preocupando a todos os que estão atentos à soberania nacional.
 
É bom refletirmos sobre o assunto, sempre levando em consideração que a posição de Fidel Castro é sempre totalmente contrária ao que ele chama de "Imperialismo Americano", embora ele mes sejamo tenha se rendido ao "Imperialismo Soviético"...
 
Ou seja: o que Fidel escreve tem sentido, mas pode estar com alguns exageros. Cabe a cada um de nós refletir sem se deixar levar por influências, sejam lá quais forem.
 
Aguardo comentários sobre isso.
 
Um abraço a todos, uma boa leitura e ânimo para debater sobre o tema!

---------- Forwarded message ----------
From: Secretaria <embacuba@uol.com.br>
Date: 2009/11/9
Subject: Reflexões do companheiro Fidel: A ANEXAÇÃO DA COLOMBIA AOS ESTADOS UNIDOS
To: robertoandersen@uol.com.br


Reflexões do companheiro Fidel

A ANEXAÇÃO DA COLOMBIA AOS ESTADOS UNIDOS

Qualquer pessoa medianamente informada compreende de imediato que o adoçado "Acordo Complementar para a Cooperação e a Assistência Técnica em Defesa e Segurança entre os governos da Colômbia e dos Estados Unidos", assinado em 30 de outubro e publicado na tarde do dia 2 de novembro equivale a anexação da Colômbia aos Estados Unidos.

O acordo põe em dificuldades a teóricos e políticos. Não é honesto guardar silêncio agora e falar depois sobre soberania, democracia, direitos humanos, liberdade de opinião e outras delicias, quando um país é devorado pelo império com a mesma facilidade com que um lagarto captura uma mosca. Trata-se do povo colombiano, abnegado, trabalhador e lutador. Procurei no longo calhamaço uma justificação digerível e não encontrei razão alguma.

Nas 48 páginas de 21 linhas, cinco são dedicadas a filosofar sobre os antecedentes da vergonhosa absorção que torna a Colômbia em território de ultramar.  Todas se baseiam nos acordos assinados com os Estados Unidos após o assassinato do prestigioso líder progressista Jorge Eliécer Gaitán no dia 9 de abril de 1948 e a criação da Organização de Estados Americanos em 30 de abril de 1948, discutida pelos Chanceleres do hemisfério, reunidos em Bogotá sob a batuta dos Estados Unidos nos dias trágicos em que a oligarquia colombiana truncou a vida daquele dirigente e desatou a luta armada nesse país.

O Acordo de Assistência Militar entre a República da Colômbia e os Estados Unidos, no mês de abril de 1952; o vinculado à "uma Missão do Exército, uma Missão Naval e uma Missão Aérea das Forças Militares dos Estados Unidos", assinado no dia 7 de outubro de 1974; a Convenção das Nações Unidas contra o Tráfico Ilícito de Entorpecentes e Substâncias Psicotrópicas, de 1988; a Convenção das Nações Unidas contra a Criminalidade Organizada Multinacional, de 2000; a Resolução 1373 do Conselho de Segurança de 2001 e a Carta Democrática Interamericana; a de Política de Defesa e Segurança Democrática, e outras que são invocadas no referido documento. Nenhuma justifica transformar um país de 1 141 748 quilômetros quadrados, situado no coração da América do Sul, em uma base militar dos Estados Unidos. A Colômbia tem 1,6 vezes o território de Texas, segundo Estado da União em extensão territorial, arrebatado ao México, e que mais tarde serviu de base para conquistar a sangue e fogo mais da metade desse irmão país.

Por outro lado, transcorreram já 59 anos desde que soldados colombianos foram enviados até a longínqua Ásia para combaterem junto às tropas ianques contra chineses e coreanos no outubro de 1950. O que o império tenta agora é enviá-los a lutar contra seus irmãos venezuelanos, equatorianos e outros povos bolivarianos e da ALBA para destruir a Revolução Venezuelana, como tentaram fazer com a Revolução Cubana no mês de abril de 1961.

Durante mais de um ano e meio, antes da invasão, o governo ianque promoveu, armou e utilizou os bandos contra-revolucionários do Escambray, como hoje utiliza os paramilitares colombianos contra a Venezuela.

Quando o ataque de Bahia dos Porcos, os B-26 ianques tripulados por mercenários que operaram desde a Nicarágua, seus aviões de combate eram transportados para a zona das operações num porta-aviões e os invasores de origem cubana que desembarcaram naquele ponto vinham escoltados por navios de guerra e pela infantaria de marinha dos Estados Unidos. Hoje seus meios de guerra e suas tropas estarão na Colômbia não apenas como uma ameaça para a Venezuela senão para todos os Estados da América Central e da América do Sul.

É verdadeiramente cínico proclamar que o infame acordo é uma necessidade de combate ao tráfico de drogas e ao terrorismo internacional. Cuba tem demonstrado que não é preciso a presença de tropas estrangeiras para evitar a cultura e o tráfico de drogas e para manter a ordem interna, apesar de que os Estados Unidos, a potência mais poderosa da terra, promoveu, financiou e armou durante dezenas de anos as ações terroristas contra a Revolução Cubana.

A paz interna é uma prerrogativa elementar de cada Estado; a presença de tropas ianques em qualquer país da América Latina visando esse objetivo é uma descarada intervenção estrangeira em seus assuntos internos, que inevitavelmente provocará a rejeição de sua população.

A leitura do documento demonstra que não apenas as bases aéreas colombianas são postas nas mãos dos ianques, mas também os aeroportos civis e no fim das contas, qualquer instalação útil a suas forças armadas. O espaço radioelétrico fica também à disposição desse país portador doutra cultura e de outros interesses que não têm nada a ver com os da população colombiana.

As Forças Armadas norte-americanas gozarão de prerrogativas excepcionais.

Em qualquer parte de Colômbia os ocupantes podem cometer crimes contra as famílias, os bens e as leis colombianas, sem ter que responder perante as autoridades do país; a não poucos lugares levaram os escândalos e as doenças, como o fizeram com a base militar de Palmerola, nas Honduras. Em Cuba, quando visitavam a neocolônia, sentaram-se escarranchados sobre o colo da estátua de José Martí no Parque Central da capital. A limitação vinculada ao número total de soldados pode ser alterada a pedido dos Estados Unidos, sem restrição alguma. Os porta-aviões e navios de guerra que visitem as bases navais concedidas terão quantos tripulantes precisarem, e podem ser milhares em um só de seus grandes porta-aviões.  

O Acordo será prorrogado por períodos sucessivos de 10 anos e ninguém pode alterá-lo senão no fim de cada período, comunicando-o com um ano de antecedência. O que farão os Estados Unidos se um governo como o de Johnson, Nixon, Reagan, Bush pai ou Bush filho e outros semelhantes recebesse a solicitação de abandonar Colômbia? Os ianques foram capazes de derrocar dezenas de governos em nosso hemisfério. Quanto duraria um governo na Colômbia se anunciasse tais propósitos?

Os políticos da América Latina têm agora perante si um delicado problema: o dever elementar de explicar seus pontos de vista sobre o documento de anexação. Compreendo que o que acontece neste instante decisivo das Honduras ocupe a atenção dos meios de divulgação e dos Ministros das relações Exteriores deste hemisfério, mas o gravíssimo e transcendente problema que acontece na Colômbia não pode passar inadvertido para os governos latino-americanos.

Não tenho a menor dúvida sobre a reação dos povos; sentirão o punhal que se crava no mais profundo de seus sentimentos, especialmente no profundo da Colômbia: eles opor-se-ão, jamais se resignarão a essa infâmia!

O mundo encara hoje graves e urgentes problemas. A mudança climática ameaça a toda a humanidade. Líderes da Europa quase imploram de joelhos algum acordo em Copenhague que evite a catástrofe. Apresentam como realidade que na Cúpula não se alcançará o objetivo de um convênio que reduza drasticamente a emissão de gases estufa. Prometem continuar a luta por consegui-lo antes de 2012; existe o risco real de que não se possa conseguir antes que seja demasiado tarde.

Os países do Terceiro Mundo reclamam com razão dos mais desenvolvidos e ricos centenas de milhares de milhões de dólares anuais para custear as despesas da batalha climática.

Tem algum sentido que o governo dos Estados Unidos dedique tempo e dinheiro na construção de bases militares na Colômbia para impor aos nossos povos sua odiosa tirania? Por esse caminho, se um desastre ameaça o mundo, um desastre maior e mais rápido ameaça o império e tudo seria resultado do mesmo sistema de exploração e saqueio do planeta.

Fidel Castro Ruz

6 de novembro de 2009

10h39

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Memória

Há muita gente que "bebe para esquecer". Alguns desses ainda chamam os colegas para acompanhar... E algumas vezes até para pagar a conta do bar... Há também os que esquecem por conveniência. Esses "esquecem" de pagar uma dívida, de retribuir um favor, de pedir desculpas, de visitar um amigo doente, de dar "bom dia" a uma pessoa que esteja abaixo de seu nível social e outras situações semelhantes. Quando a mídia começou a divulgar o propanolol como um medicamento para apagar memórias inconvenientes, imaginei o início de uma disputa entre laboratórios farmacêuticos e fabricantes de bebidas! Quem será o mais eficaz na luta para apagar lembranças ruins? E há, também, os que fazem questão de não lembrar, por puro raciocínio lógico. Esses costumam manter sua vida pautada na lógica dos resultados e dos rendimentos, ou seja: "Para que preciso prestar atenção à fisionomia e ao nome das pessoas que nada representam para meus interesses atuais?" "Para que perder tempo conversando com pessoas que não interessam aos meus objetivos de vida?" Todas essas pessoas têm algo em comum. Elas estão "programando" seus cérebros para "esquecer", mesmo sem se dar conta disso! E a maioria delas não faz a menor idéia de como essa programação negativa é eficaz! Nosso cérebro atende, com muita eficiência, as determinações que, mesmo de forma inconsciente, passamos para ele. Isso significa "programá-lo". A partir dessas programações o cérebro vai se acomodando a essas vontades. Se o evento, a atividade ou as pessoas não são de nosso interesse, participamos, mas não prestamos a menor atenção. O cérebro, então, se ajusta aos poucos. O aumento ou a redução da capacidade de fixação de imagens, sons e todas as demais sensações provenientes dos órgãos dos sentidos é ajustada à sua utilização diária. Se não achamos importante memorizar, o cérebro se ajusta a isso e reduz essa capacidade a mínima necessária. Surgem, então, esquecimentos inconvenientes provocados pela ociosidade programada das memórias cerebrais. Aí elas começam a se esquecer de coisas que atrapalharão muito sua vida. Esquecem fórmulas durante a realização de provas, esquecem a hora que deveriam estar em um compromisso de seu interesse, esquecem o nome, o endereço e o telefone do único amigo que poderia lhe tirar de uma "enrascada", etc. Quando a pessoa começa a perceber o que está ocorrendo acredita que seja uma deficiência sua. Não compreende que a deficiência não é de seu cérebro, mas sim da forma como o programou para funcionar. No filme Click o personagem principal "esquece", por meio de um controle remoto mágico, todos os momentos que ele considera não importantes ou desagradáveis de sua vida, pulando essas fases e vivenciando apenas as partes que ele considera convenientes e importantes. Ele só se dá conta do imenso erro que está cometendo quando nada mais pode fazer... Recomendo que assistam ao filme e analisem a mensagem. Essa perda de memória não está associada a alguma doença, como por exemplo, o Mal de Alzheimer, que ocorre quando as pessoas juntam ociosidade cerebral, excesso de estresse e predisposição genética. Esse problema está ligado exatamente à "Má Programação Cerebral", ou seja, as pessoas estão sendo mal programadas por elas mesmas, o que as leva a não lembrar nem daquilo que considera muito importante! Como solucionar esse problema, então? Você tem alguma idéia? Envie suas sugestões clicando em comentários abaixo. Analisarei cada resposta para depois publicar a mais completa. O vencedor receberá um exemplar autografado de qualquer um de meus livros: "Afetividade na Educação" ou "Viravolta", à sua escolha. Boa sorte!

domingo, 1 de novembro de 2009

A Fraude do Século Passado!

Amigos,

A NASA informou que o prazo para que seja possível desenvolver a tecnologia necessária para que o homem possa VOLTAR À LUA terá que ser estendido de 2015 para 2020.

Realmente chegamos à conclusão de que os atuais cientistas da NASA não conseguiram ACHAR OS PROJETOS DESENVOLVIDOS PELOS SEUS ANTECESSORES e estão começando de novo o desenvolvimento dessa tecnologia espacial. Essa é a única explicação para quem já fez essa viagem e vai ter que esperar MAIS ONZE anos para lembrar como foi que fez!

E nós continuamos a ensinar aos nossos alunos exatamente como eles querem! Com foto-montagem e tudo!

Agradeço a Yan Rocha o envio desse LINK bastante explanativo sobre o assunto.

Visitem e comentem:

http://www.afraudedoseculo.com.br/

Assistir o filme ou assistir ao filme?

Muitas alterações em nosso idioma decorrem do uso cotidiano de termos que são considerados mais práticos e mais fáceis de entender. Mas muitas outras decorrem da falta total de um ensino de qualidade ou até de professores que realmente conheçam aquilo que ensinam. Acho bastante lógico e natural o uso do "assistir ao filme", pela sua forma gramatical correta. Sempre achei que tal frase "soa" bem, já que tudo o que é praticado como natural acaba soando bem aos ouvidos de quem ouve e de quem fala.
Ao dizer "assistir o filme" o sentido seria o de dar assistência a um pedaço de película que se avariou e precisa de reparo, da mesma forma que um médico assiste o paciente que está doente e precisando de tratamento.
Por que, então, nem todas as pessoas conseguem "sentir" a correção gramatical ao ouvirem alguém falando ou ao lerem um texto publicado? É para isso que chamo a atenção nesse momento.
O problema hoje é que parte dos professores de português não está sabendo sequer escrever nem falar o seu próprio idioma. Assim sendo nenhum dos alunos desses professores conseguirá "sentir" se sua frase está correta, se não está em contato com frases corretas...

Ouvi professores de Ensino Fundamental I em uma determinada escola dizer em sala, em plena aula:

- "Menina! Eu já havia mando você parar de fazer isso!"

- "Na atividade de amanhã nossa turma não pode plantar menas flores que a turma da quarta série."

E assim por diante! Essas crianças crescerão achando ridículo ter que utilizar MANDADO ao invés de MANDO e também absurdo as pessoas não utilizarem MENAS quando estiver relacionado a feminino. Para elas tais incorreções "soam bem".
E assim o idioma vai se moldando à falta total de educação, ao desinteresse pelo ensino correto e a conveniência de um sistema que deseja a todos a mais completa ignorância... E eles (do sistema...) viverão felizes e corruptos para sempre, sem que o povo, cada vez mais ignorante, tenha condições de sequer entender que está sendo LESADO!
Há solução? Lógico que sim! Mas não pela força... Mas pelo prazer de uma boa comunicação e pelo exemplo de cada uma das pessoas encarregadas da formação das crianças e dos adolescentes. Há que se ter professores entusiasmados pela forma correta de se expressar, pela beleza plástica de um idioma bem escrito, bem falado e bem articulado, pela harmonia das palavras e frases bem elaboradas, não só em versos, mas também em prosa.
Da correção gramatical eu me volto para a correção do caráter. Está tudo ligado! Preocupar-se com a forma correta do aluno escrever, falar e fazer contas é parte da preocupação com a formação de seu caráter. E tudo começa com o exemplo pessoal do mestre.
Sim! O exemplo é a base disso tudo! E temos que mostrar aos professores em formação que moldar sua vida em exemplos positivos e construtivos é encontrar o caminho da satisfação permanente. Um professor que vivencia o que ensina, sente prazer pelo que faz. Ele terá condições de amar cada um de seus alunos. E ao ser capaz de exercer essa forma de amor ele constrói um alicerce tão seguro que seus alunos estarão muito mais bem preparados para escapar da maioria das influências negativas que a sociedade impõe.

sábado, 24 de outubro de 2009

Futuro da humanidade

Amigos,

Desde o final do século passado que estão sendo divulgados alguns estudos mostrando a aproximação de perigos para a sobrevivência da humanidade e do próprio planeta Terra. Entre esses estudos estão os choques de asteróides, aquecimento global, inversão dos pólos magnéticos da Terra, incluindo aí as previsões Maias e outras tantas suposições, muitas catastróficas e fatalistas.
O que há de verdade em tudo isso?

Todos os estudos de que tive conhecimento até hoje tomam como referência observações sobre um período de apenas aproximadamente 12.000 anos, já que extrapolações científicas para além disso são objeto de muita polêmica.

Nos últimos anos as alterações em parâmetros universais ou terrenos, mesmo as mais divulgadas como mudanças determinantes de grandes alterações nas características do planeta e que influenciariam a vida humana, foram consideradas, pela ciência, insignificantes para qualquer influência real sobre o nosso mundo.

Sabemos, entretanto, que a ciência, ou melhor, os cientistas, sempre foram muito incrédulos em alterações de parâmetros tradicionalmente aceitos. Um dos exemplos atuais é o aquecimento global. Mesmo dando mostras de elevação do nível do mar ao ponto de já haver previsão temporal de eliminação de alguns países ilhéus, ainda estão os cientistas ignorando seus futuros efeitos catastróficos.

Declarações consideradas como sendo de Ashtar Sheran, então, não podem ainda ser confirmadas pela ciência atual, tanto pelo elevado grau de ceticismo dos cientistas como (e principalmente) pela atual incompetência científica em entender os mistérios do mundo e do universo.
No entanto existe uma parte da ciência que está no caminho do desenvolvimento dos conceitos do BIOCENTRISMO, que corrobora todas as declarações de Ashtar Sheran no sentido de alertar o ser humano que ele é o principal responsável pela salvação da humanidade, do planeta e, inclusive, pela harmonia de todo o universo.

Isso pode parecer um exagero e até uma supervalorização do ser humano, mas o caminho parece mostrar que os conceitos do biocentrismo estão corretíssimos! Nós, por meio da geração da energia Divina que está dentro de nossas células, ionterferiríamos em todo o universo à nossa volta, determinando o futuro da humanidade.

A preocupação de Ashtar Sheran parece demonstrar que o futuro da humanidade de alguma forma afetaria a existência extra-terrena e a harmonia das demais dimensões universais, podendo gerar algum efeito extremamente nocivo, assemelhado ao caos original ou algo mais sério em termos extra dimensionais.

Esses estudos, embora científicos, ainda estão incipientes demais para serem levados em consideração, ainda em virtude do ceticismo da maioria dos cientistas. Portanto, toda providência para evitar um desastre universal de infinitas proporções está nas mãos dos que acreditam no BIOCENTRISMO, sejam eles cientistas, filósofos, simples pensadores ou seguidores de teorias, religiões, seitas, sociedades de estudos e grupos que se preocupem com a humanidade.

Roberto Andersen
Em 24 de outubro de 2009

Construindo a felicidade

Reproduzo o texto integral de nosso colaborador Marco Antônio Fontana de Oliveira sobre a forma de se alcançar a FELICIDADE! Suas palavras são sábias! Analisem e busquem o entendimento interior. Agradeço ao nosso amigo Marco essa colaboração.

---------- Forwarded message ----------
From: Marco Fontana Oliveira <marco.fontanaoliveira@gmail.com>
Date: 2009/10/23
Subject: RES: Humildade
To: Instituto Univérsico de Pesquisa e Educação <iupe@iupe.org.br>


Prezado Roberto Andersen,

Conheci o IUPE de maneira casual navegando nesta maravilhosa ferramenta que é a internet. Não tenho formação intelectual, sou Engenheiro Mecânico sendo durante 24 anos sócio fundador da empresa EPICOM - Máquinas e Equipamentos Ind. e Com. Ltda. Ano passado com 51 anos de idade, resolvi vender minha participação no capital societário da empresa, desligando-me dela no dia 10 de outubro de 2008.

Realizei durante todos esses anos um trabalho competente do qual muito me orgulho, idealizei inúmeras máquinas que proporcionam uma produção de melhor qualidade com maior produtividade. Fiquei rico com isso? Financeiramente não, porém sinto-me em paz comigo mesmo e concluo que enriqueci minha vida.

Para não enferrujar meu cérebro, tenho procurado de maneira autodidática estudar principalmente filosofia. E quanto mais estudo, mais acredito em Deus!

Quando atuava como engenheiro-empresário não me sobrava tempo para reflexões, pois minha atenção estava integralmente voltada para minha família e os negócios da empresa. Depois de poucos meses de descanso, passei a ocupar meu tempo com esses estudos e pensamentos. No mês de maio passado, refletindo sobre a violência, o tráfico e consumo de drogas e de outras mazelas que assombram qualquer pessoa consciente, concluí que a solução para esse problema, está na busca pela felicidade. Quando estamos felizes, amamos de maneira pura, ingênua e profunda! Estudando sobre o dualismo Hermético, tomei conhecimento que todos os seres humanos são constituídos pelo bem e pelo mal, todos possuem bons e maus pensamentos, bons e maus desejos e que ninguém esta imune aos erros.

Concluí que, mesmo sabendo que jamais serei 100% justo e perfeito, tenho que ter como meta esse objetivo. Tenho desde então apresentado aos meus conhecidos essa teoria sobre felicidade:

Para atingirmos a felicidade temos que dar quatro passos em nossa mente e em nossa vida:

  • Primeiro passo: Crer em Deus! Não de maneira fanática nem religiosa. A religião é a parte financeira da crença, ou melhor, a parte humana da crença e nessa cabe o fanatismo. Não interprete como crítica esse pensamento, a parte financeira é importante!
  • Segundo passo: Sempre procurar ser justo! Ser justo não significa ser bom. Se formos 100% bons vamos ser pregados numa cruz, e acho que ninguém em sã consciência gostaria de ser pregado numa cruz. Ser justo é muito importante para nossa paz de espírito, para nossa autoestima.
  • Terceiro passo: Trabalhar com disposição e alegria! Trabalhando dessa maneira, sempre seremos competentes. Competência é a junção de três condições. A condição do Conhecimento, isto nós obtemos pela teoria, pelo estudo. A condição da Habilidade, que obtemos pela prática do conhecimento. E finalmente a condição de uma boa Atitude. Sendo competente automaticamente haverá a recompensa monetária e principalmente a emocional.
  • Quarto passo: Constituir uma boa família! A família, representada pela esposa / marido e filhos, é divina e deve ser cultivada em ambiente de muito amor, com valores de virtudes. Nos dias de hoje com os meios de comunicação (televisão principalmente) é muito difícil nos concentrarmos nesse objetivo. Mas quem disse que tudo tem que ser perfeito?

Desculpe-me se estou sendo pretensioso, mas acredito que a divulgação dessa idéia poderá produzir uma corrente positiva reduzindo à mediocridade, a ganância, a inveja, a cobiça, e outros vícios que levam milhões de pessoas a consumirem drogas (incluindo o álcool), que leva ao crime do tráfico. As pessoas precisam aprender a distinguir prazer de felicidade.

Vocês são os filósofos, possuindo conhecimento em profundidade para analisar esse pensamento, façam uso dele da melhor maneira que julgarem.

Atenciosamente,

Marco Antônio Fontana de Oliveira

terça-feira, 20 de outubro de 2009

Humildade do Educador

MAIOR VALOR DO EDUCADOR: ASSUMIR A PRÓPRIA INCOMPETÊNCIA

HUMILDADE para assumir a própria incompetência no trato educacional deve ser o maior valor do educador. Sem ela os resultados são catastróficos! E esses resultados estão em todos os lugares, em todas as escolas e em todas as comunidades! Mas esses maus resultados estão camuflados sob as mais diversas capas, entre elas:

a) Culpa da má educação familiar: “A família que conserte a criança ou encontre outro colégio que o aceite. Aqui não dá para continuar. Ou eu ou ele na sala. Punição nele. Suspensão nele. Reprovação e expulsão para ele.”

b) Doença incurável: “Criança é hiperativa ou esquizofrênica ou tem síndrome disso ou daquilo. Procure um médico para mantê-la sob tratamento medicamentoso. Sem dopá-lo não dá. Ou faz um tratamento ou procure outra escola que o aceite.”

c) Má índole da criança: “Percebe-se que essa criança já nasceu assim. Ela não tem jeito. É má índole mesmo! Não há solução. É um caso perdido.” Esses comentários são os mais comuns entre pessoas que se dizem educadores! Acrescente-se a texto: “Eu tenho experiência de muitos anos de ensino! Sei lidar com crianças e adolescentes. Essa criança extrapola todos os limites Nesse caso não é incompetência minha.”

Pois é, amigos. Mas é incompetência sim! Nós jamais teremos a competência necessária para educar corretamente todos os diferentes tipos de crianças e adolescentes. Nosso papel é tentar entender cada uma dessas crianças em sua individualidade e buscar alguma forma de alcançá-la em seu SELF, que até então está escondido dela mesma.

Todos os pensamentos, palavras e atitudes de qualquer pessoa são frutos de uma construção psíquica bastante complexa. Ninguém age por agir. As ações, por mais que pareçam ser “de momento”, são conseqüências de uma formação interna do indivíduo. E essa formação recebe influências de todos os lados.

Algumas dessas ações são provenientes de características biológicas, trazendo os naturais instintos da espécie humana, mas sofrendo interpretações sociais. Outras provêm de herança genética, trazendo características especiais daquela linha familiar e também com influências do comportamento social. A maior parte das ações, entretanto, provém da construção da personalidade pela influência memética, que pode ser entendida como a influência cultural dos meios onde ela está inserida.

Mas todo ser humano, por maiores que tenham sido as influências recebidas, tem a possibilidade de sofrer mudanças psíquicas que resultem em alteração de seu comportamento. Mas para isso esse ser humano tem que, em primeiro lugar, ser compreendido em suas características pessoais. Há que se identificar as razões que o levaram a agir da forma que age.

E isso só pode ser feito se o educador conseguir a competência necessária à prática da empatia analítica, ou seja: conseguir colocar-se no lugar do outro. A partir daí o educador deverá iniciar um processo de aproximação e conquista. Não há como influenciar qualquer mudança se não se alcança o sentimento dessa pessoa de forma positiva.

O educando tem que “gostar” do educador. Essa afinidade educador-educando é a base para qualquer influência positiva poder existir. A palavra chave é então: CONQUISTA! E para essa conquista ser verdadeira não pode haver falha na ligação educador-educando.

A relação deve ser construída dentro das normas mais conhecidas de todo o universo educacional, que é o exercício da afetividade e do controle, binômio mais conhecido como AMOR + LIMITES. Mas para que esse binômio produza efeito ele deve ser natural. Há que se desenvolver essa prática de forma a que ela faça parte da personalidade do educador.

E para que isso se torne natural há que haver treinamento intensivo e permanente! E todo esse treinamento passa pelo desenvolvimento da capacidade de AMAR a todos, sem qualquer exceção! Embora isso deva ser praticado em todos os momentos de nossa vida e para todos os públicos, podemos nos restringir, inicialmente, à sala de aula.

Começando, então, pela sala de aula, temos que analisar cada um de nossos alunos e procura ver a todos como se fossem nossos verdadeiros filhos, independente de terem pais ou não! Isso significa amá-los de verdade, com a responsabilidade que um pai deve ter, sabendo que AMAR significa tanto dar AFETO como exercer o poder do CONTROLE e a ORIENTAÇÃO.

E nesse treinamento está inserido o desenvolvimento da sua CAPACIDADE DE OUVIR o educando, com toda a atenção necessária à sua plena satisfação de sentir-se protegido, sentir-se reconhecido e sentir-se compreendido. SABER OUVIR é uma virtude!

Mas temos diversos outros pontos a discutir, entre eles o fato de considerar os educandos como seus filhos… Será que todos os educadores sabem educar seus próprios filhos? Não seria bom começarmos pela análise do educador em sua própria família?

Mas por enquanto fico por aqui, principalmente para evitar que vocês digam que não seu para comentar porque eu falei tudo sobre o assunto. Ainda dá para dizer muita coisa, principalmente contra minhas idéias. Aguardo ansiosamente seus comentários.

Abaixo reproduzo um trecho que a Professora Monica Costa mandou sobre Habermas, que tem muito a ver com o que estamos discutindo: “Segundo Habermas, a falibilidade possibilita desenvolver capacidades mais complexas de conhecer a realidade, além de representar garantia contra regressões metafísicas, com possíveis desdobramentos autoritários Evolui-se assim através dos erros, entendidos como falhas de coordenação de planos de ação”


Meninas, como entendê-las?

Há todo um estudo em desenvolvimento voltado para o entendimento das meninas, sejam elas crianças ou adolescentes, mas há, entretanto, uma distância muito grande entre as teorias desenvolvidas por tais estudos e a realidade sempre em transformação da nossa sociedade.

A responsabilidade por essa distância (para evitar falarmos de culpa) é a dificuldade dos pais e educadores de praticarem o processo da empatia, ou seja, raciocinar como se fossem elas, com a idade e a maturidade delas, para entender como está a compreensão de mundo delas ao vivenciar:

a) as atuais informações divulgadas por todos os veículos da mídia (radio, televisão, revistas e jornais) mostrando-a como objeto sexual do homem;

b) o descaso que tanto pais como educadores passaram a ter pelas suas filhas em relação ao ensino de jogos, passatempos, diversões e brincadeiras, deixando-as sem qualquer outra opção de lazer;

c) os exemplos que surgem por todos os lados de mulheres submissas ao homem por serem totalmente dependentes deles, achando assim que essa é a sua única opção de futuro;

d) a forma como a mulher está sendo vulgarizada pelas letras das músicas atuais e pelas coreografias preparadas propositadamente para mostrá-la como mulher objeto ou mesmo prostituta e sem qualquer resquício de valor moral;

Como reduzir essa distância e contribuir para a sua melhor formação intelectual e emocional, abrindo para elas as portas do verdadeiro sucesso pessoal, familiar e profissional, se o que estamos vendo é:

- Muitos exemplos de sucesso profissional totalmente desvinculados do sucesso conjugal, como se houvesse um impedimento da mulher ter sucesso e estar feliz em seu casamento.

- Muitos exemplos de mulheres que se dizem satisfeitas com o casamento mostrando submissão ao marido e uma inferioridade intelectual, no mínimo, aparente.

Essa desconstrução da felicidade da mulher está sendo realizada desde a infância da menina, quando ela é impedida de viver todos os estágios da formação de sua personalidade, sendo forçada, pelos próprios pais, a “pular etapas”, vestindo-se e pintando-se como se fosse uma mulher em miniatura, dançando as coreografias preparadas para mostrá-la como uma mulher vulgar…

Precisamos mudar o enfoque na educação das meninas. Sabemos que a melhor eficácia dessa mudança ocorrerá ao realizarmos em conjunto com pais, educadores, sociedade e mídia. Mas não podemos esperar que todos se motivem ao mesmo tempo! Nossa parte deve ser feita já!

Participem de nossos encontros presenciais das tardes de terças feiras no IUPE. Quem desejar participar pela internet pode enviar seus comentários por e-mail. Ou por comentários aqui mesmo no BLOG.