terça-feira, 29 de dezembro de 2015

IUPE Educação: Formação da personalidade da criança - Manipulação mental e suas consequências

Hoje nosso tema continua abordando a formação da personalidade da criança e do adolescente, mas vamos pegar uma carona na dúvida de Sthéphanny, minha amiga adolescente, do Rio de Janeiro.

A mesma pergunta, de forma muito semelhante, foi feita por Marcos, de Niterói e Raul de São Paulo. Ambos adolescentes, como tem sido a grande maioria das dúvidas que recebo.

Pelo que eu entendi de sua mensagem, Sthéphanny, que foi a mensagem mais completa, seu interesse é pelos efeitos, na formação da personalidade do indivíduo, das manipulações mentais que essa pessoa sofreu quando criança, ou quando adolescente, e também em relação as manipulações exercidas por ela mesma, quando ainda criança, em relação aos adultos.

São dois tipos de manipulação mental. Uma sofrida pela criança e outra exercida por ela.

Vamos começar pela segunda parte da pergunta: Criança exercendo o seu poder de manipulação mental em relação aos adultos.

Lembrem que a criança, em cada fase da sua formação, seja ela oral, anal, fálica ou latente, ela precisa estar tendo as suas necessidades satisfeitas, principalmente para evitar a formação de neuroses que possam trazer sérios problemas futuros.

Já analisamos duas dessas fases, a oral e a anal, em outros artigos, mas todas elas são analisadas, detalhadamente, em meu livro “Afetividade na Educação”, a partir da página 56.

Por que precisamos desse conhecimento?

Esse conhecimento é fundamental para distinguir o que é necessidade real, daquilo que pode ser considerado como manipulação mental, exercida pela criança.

Essa manipulação tem, normalmente, o objetivo de sondar seus limites, para ampliá-los, mas pode ser também uma forma de ter o controle dos seus pais em suas mãos, ou até a satisfação de uma necessidade emocional que foi construída de forma incorreta durante uma dessas fases.

Vamos ver algumas dicas para esse entendimento, visando a fase oral, que vai do nascimento até aproximadamente um ano e meio:

Se a maior parte da relação afetiva dos pais para com seus filhos bebês for feita com o bebê no berço ou no carrinho, essa criança estará sentindo o afeto dos pais e, ao mesmo tempo, registrando o seu contato seguro e confiante com o mundo à sua volta, já que estará recebendo o carinho dos pais e apoiado no colchão do berço.

O prazer afetivo que esse bebê estará sentindo e registrando será do carinho dos pais junto com o apoio do berço.

Essa criança estará construindo uma personalidade segura e confiante, o que significa o estabelecimento de sua estabilidade emocional.

Se essa criança, toda vez que recebe algum carinho, está no colo de alguém, da forma que as avós adoram, ela se acostumará a precisar, sempre, estar totalmente envolvida pelo corpo de um adulto para sentir segurança emocional.

Essa criança, então, vai sempre desejar sair de seu berço ou de seu carrinho, aplicando, então, o golpe da manipulação via choro sem motivo.

Na realidade esse choro manipulador foi criado pela atitude incorreta de quem insistiu em estar com ela no colo.

Ou seja, a atitude manipuladora dessa criança foi criada por quem a carregou no colo desnecessariamente.

O choro, nesse caso, caso a criança não esteja com algum tipo de desconforto físico ou orgânico, é parte do seu exercício de manipulação.

Se os adultos correm para leva-la ao colo, a criança sentirá que venceu e que, sempre que desejar ampliar seus limites, bastará aplicar esse mesmo golpe: o choro.

As consequências da atitude incorreta dos adultos, aceitando a manipulação e levando-a sempre ao colo, é a formação, nessa criança, de uma personalidade insegura e insatisfeita para com o ambiente à sua volta.

Então, os pais têm duas opções nesse caso:

Primeira opção, totalmente incorreta, mas infelizmente, a mais comum:

Aceitar a manipulação do choro e saber que essa criança será um adulto inseguro e emocionalmente instável e, toda vez que a criança chorar leva-la ao colo para que ela se acalme e durma.

Segunda opção, a mais correta, mas a que dá mais trabalho:

Fazer todo tipo de carinho, afago e atitudes de afeto, com a criança em seu berço ou em seu carrinho, para construir novamente a relação entre o afeto dos pais, que representa o amor paternal, e a segurança de seu berço, que representa a sua segurança física no mundo à sua volta.

Lendo as páginas 56 a 69 do Afetividade você poderá identificar com muita facilidade o que é necessidade real e o que pode ser simples manipulação.

O importante é estar ciente desses desafios, para evitar as sérias consequências futuras na formação da personalidade dessa criança, principalmente a criação de uma personalidade insegura e totalmente dependente.

Vamos agora a primeira pergunta, que foi sobre a manipulação exercida sobre a mente da criança.

Essa traz consequências ainda mais graves para a formação da sua personalidade.

Mas o pior é que sabemos que essa manipulação mental está sendo realizada a todo momento, principalmente pela mídia e pelo comportamento do grupo ao qual pertencemos, aqui em nosso país, e de forma pior ainda nos EUA, por meio da mesma mídia, mas acrescida de um elevadíssimo poder de manipulação exercido pelas propagandas subliminares.

Nós também sofremos as consequências dessas propagandas subliminares, mas em nosso país elas não estão tão ativas como lá.

Podemos dar aqui dezenas de exemplos, mas vamos nos concentrar nos mais evidentes:

Consumismo e infelicidade
Opção sexual e infelicidade

Vamos ao consumismo:

A mídia é a principal vilã nessa manipulação, criando na criança e no adolescente uma personalidade consumista que vai necessitar, para sua satisfação pessoal, estar sempre procurando ter aquilo que suas condições não alcançam.

O indivíduo assim formado estará sempre se sentindo insatisfeito com o que é e com o que tem, sempre achando que sua infelicidade decorre da falta de recursos para adquirir o que deseja.

E cada vez que esse indivíduo consegue adquirir, mesmo com muito sacrifício, um bem desejado, ele experimenta uma imensa alegria, só que temporária, trazendo-o de volta à sua infelicidade assim que a novidade deixa de satisfazê-lo.

Vamos à opção sexual:

Para quem já leu meu livro “Sexo: a escolha é sua”, releia as páginas 53 a 67 e relembre o significado de orientação sexual, atração afetiva e física e opção sexual.

Analisando nossos estudos e aquilo que publicamos, vemos que existe, em cada um de nós, uma programação muito bem definida em relação a atração afetiva e física que vamos sentir a partir da puberdade.

Mas para que essa atração seja corretamente satisfeita, ela não deveria sofrer influências externas contrárias à naturalidade da personalidade sexual já formada.

No vídeo Formação da Personalidade Sexual, já publicado, detalhamos esse processo cientificamente.

A explosão de hormônios na fase adolescente deverá ser o momento de entendimento, satisfatório e saudável, da atração afetiva e física que esteja sentindo, reforçando a construção da sua personalidade sexual.

Mas para aqueles que estão sofrendo pressões contrárias à sua orientação já definida, os resultados na formação de sua personalidade poderão ser catastróficos.

Vejamos, por exemplo, crianças e adolescentes cuja orientação sexual seja heterossexual, mas que estejam mergulhados em comunidades gays ou assistindo a novelas e programas que fazem propaganda explícita de amor homossexual.

A natural curiosidade e confusão mental de um adolescente em formação e, principalmente dos pré-adolescentes que já estão envolvidos em atitudes sensuais e até sexuais, devido aos programas que assistem e cultura local, poderá levá-lo a experimentar e assumir uma opção homossexual, por influência externa, diferente da sua orientação real, sem que se dê conta do erro, devido a influência externa.

O resultado será a formação de neuroses sérias, impedindo a sua satisfação real e trazendo permanente sentimento de infelicidade, mesmo que esteja experimentando alegrias temporárias em prazeres momentâneos, já que esses relacionamentos, mesmo trazendo sensações de prazer, não estão de acordo com a programação da sua personalidade.

De forma oposta temos o adolescente ou pré-adolescente, cuja orientação sexual programada é homossexual, mas que está sendo criado em um ambiente rigidamente oposto à homossexualidade.

A manipulação mental agora é do próprio meio em que vive, como alguns ambientes religiosos mais radicais, por exemplo, e nesse caso surge a figura, hoje polêmica, do “menino nasce menino” e “menina nasce menina”, seguidos dos jargões disseminados insistentemente pelos educadores religiosos e contestados pelos educadores simpatizantes dos movimentos de liberdade total na educação de gênero.

Mas o que nos interessa é a consequência desses dois casos apresentados.

Nesse segundo caso o adolescente assume uma opção heterossexual, mesmo sentindo que a atração afetiva, física e sexual que sente não é pelo gênero oposto.

O resultado será também a geração de neuroses, já que prazeres íntimos e, principalmente, sexuais, em relacionamentos diferentes daqueles para os quais a mente está programada, podem ser considerados, pela própria consciência, como uma agressão, uma violência ou até uma espécie de prazer masoquista.

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Até nosso próximo encontro

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