Reflitam, amigos, porque é com a força do Conselho de Classe
e com o poder do professor que poderemos transformar toda uma sociedade para
melhor:
Conselho de Classe – sua influência na transformação social
de um município
Todos sabemos que é na escola que tomamos conhecimento da
realidade social de uma comunidade, já que cada aluno é o reflexo de sua
família e cada família é, normalmente, o resultado de uma cultura local.
O professor, então, estando na linha de frente, em contato
diário com essa amostragem da comunidade, é quem tem condições de traçar um
perfil social o mais próximo possível da realidade daquela região.
Só que nem todo professor sabe de seu poder para mudar a
realidade social.
É ele que, em contato com os alunos daquela comunidade, consegue
perceber as necessidades mais sérias, algumas provenientes de famílias
desestruturadas, violências domésticas, abusos físicos e sexuais, e mais uma
série de situações que fogem à área educacional escolar.
O professor, então, fica angustiado ao constatar essa
realidade e se sente impotente para o encontro de soluções. Ele acredita que
não é da sua competência.
Essas e outras constatações servem para desestruturar a vida
do professor e levá-lo ao estresse exagerado, muitos chegando a quere desistir
da profissão ou sendo levado a abandoná-la devido a doenças psicossomáticas,
depressão e tudo mais.
Alguns, para tentar escapar dessa realidade, buscam o apoio
de drogas, entre elas o Rivotril, a mais comum na comunidade docente.
Onde está o erro?
O erro está na visão da missão e, principalmente, da competência
do professor regular, que trabalha na linha de frente das salas de aula.
Todas as soluções, inclusive para muitos dos problemas
sociais de um município, podem ser encontradas a partir da ação individual de
cada professor.
Por isso eu digo que é o professor o profissional mais
importante do mudo!
Parece exagero? Mas não é exagero. É a mais pura realidade!
Esse profissional é o único que pode ter uma noção exata das
necessidades que cada aluno terá para ser alcançado pelos três objetivos
básicos da educação responsável, que são:
Ficar satisfeito por aprender alguma coisa, todos os dias, a
partir de seu ponto de entendimento;
Ser estimulado, todos os dias, para construir a sua
autonomia futura;
Se sentir incluído socialmente, em todos os momentos em que
estiver na escola.
É o professor o único profissional competente para identificar
o que está faltando para que cada um desses objetivos seja alcançado e é ele
quem deve tomar as primeiras providências para isso. Mas como?
Primeiramente analisando se estão ao seu alcance as
providências necessárias.
Estando ao seu alcance, basta fazer, mas é sempre bom
relatar, para que os demais colegas possam fazer o mesmo, ou até para que apresentem
sugestões mais práticas e mais eficazes, otimizando o trabalho docente em
geral.
Mas no caso de sua própria dedicação não for suficiente, a
solução precisa ser encontrada em conjunto com outros professores, em encontros
de análise de desafios e identificação de soluções, o que deveria constituir um
dos mais importantes objetivos dos Conselhos de Classe.
Para isso já vemos que temos que ter Conselhos mais
frequentes e espalhados por todo o ano letivo.
E para isso também vemos que os objetivos do Conselho têm
que ser mais abrangentes.
Surge então, o conceito mais importante do Conselho de
Classe, que parte da análise individual de cada aluno para a identificação das
causas de seus problemas, o que nos leva a análise da própria família e,
consequentemente, da realidade social.
Cada Conselho é sintetizado em uma ATA, que é soberana, já
que é fruto de análise realizada pelos profissionais que estão na linha de
frente e, por isso, os que têm mais condições de definir as necessidades mais
urgentes e mais importantes da escola e até da realidade da comunidade local.
A elaboração da ATA, então, deve ser de forma bem
argumentada e já indicando as possíveis soluções para os desafios daquela
comunidade escolar.
Essa ATA deve ser encaminhada à Secretaria de Educação.
Como algumas soluções dependerão de outras secretarias, cabe
à Secretaria de Educação encaminhar para as demais.
Vamos agora à prática já em andamento e as dificuldades
encontradas:
Em alguns municípios as secretarias se tornam tão fechadas
em si mesmas que sequer leem tais ATAS;
Em outras as secretarias que deveriam se envolver percebem
que as sugestões não procedem, já que existe serviço semelhante, apenas com
alguns diferenciais de ação e que, pelas escolas não terem esse conhecimento,
não são aproveitados por elas; mas fica por aí mesmo, ou seja, não há retorno
para as escolas, nem ajuste de procedimentos;
Em outros casos as demais secretarias até concordam com as
necessidades, mas não há legislação que ampare as soluções propostas.
Conclusão dessa observação prática:
Nada anda e as escolas continuam sem solução para seus
desafios e a comunidade local continua mal atendida, mal preparada e dando aos
seus filhos uma educação equivocada.
E, mais ainda: muitas decisões tomadas por diversas
secretarias acabam dando resultados diferentes dos previstos, devido ao desconhecimento
da realidade social do município, já que essa realidade aparece exatamente na
escola (o aluno é o reflexo dessa realidade local) e é detectada pelo professor
em sala.
Proposta para enfrentar tais desafios:
Direção, coordenação e corpo docente devem transformar seus
Conselhos de Classe em reuniões mais frequentes, com o objetivo de analisar
todos os principais desafios em relação à comunidade escolar.
Nesses encontros devem ser definidas as propostas que
precisam de ação fora da área educacional, como saúde, ação social e outras.
Deve ser elaborada ATA do Conselho especificando as ações específicas
de outras secretarias, e solicitando reunião de estudo conjunto com
representantes das demais secretarias, para o encontro de soluções.
A Secretaria de Educação deve organizar tais estudos
conjuntos, com representantes das demais secretarias (principalmente saúde e
ação social), para o encontro de soluções.
Havendo necessidade de ação legislativa, elaborar propostas
a serem encaminhadas às comissões legislativas correspondentes (saúde –
educação – ação social etc.) ou solicitar que, para esses estudos em conjunto,
estejam presentes representantes dessas comissões.
Fazendo assim teremos:
Todos os desafios sendo estudados frequentemente por quem
tem competência para isso;
Todas as providências possíveis sendo analisadas pelas
instituições correspondentes, cada uma assumindo a sua parte e tomando suas
decisões específicas;
Todas as propostas que necessitem de alterações nas
legislações, são encaminhadas para estudo das respectivas comissões
legislativas, para decisões pela Câmara.
A assim os desafios poderão ser resolvidos antes que se
tornem problemas insuperáveis, o que frequentemente ocorre devido ao total
desconhecimento do assunto, pelas pessoas que poderiam estar à frente das
soluções.
Tudo, então, como vimos, começa pela atuação do professor em
sala, na observação da realidade de cada aluno e, consequentemente, da
realidade da comunidade no qual o aluno está inserido.
Aproveito para lembrar que o IUPE terá, já em 2020, um ciclo
de Formação Continuada de Profissionais de Educação, Terapeutas e Interessados,
a começar pelo dia 25 de janeiro próximo, com o tema METODOLOGIAS EDUCACIONAIS
INCLUSIVAS, para transformar a missão do professor em puro prazer, sem qualquer
estresse e com mais eficácia.
Esse é o primeiro tema do ciclo. Teremos mais cinco
encontros, um a cada dois meses, para criarmos um grupo de profissionais que
farão a diferença na transformação social.
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