domingo, 8 de dezembro de 2019

Conselho de Classe - Sua influência na transformação social de um município

Reflitam, amigos, porque é com a força do Conselho de Classe e com o poder do professor que poderemos transformar toda uma sociedade para melhor:



Conselho de Classe – sua influência na transformação social de um município

Todos sabemos que é na escola que tomamos conhecimento da realidade social de uma comunidade, já que cada aluno é o reflexo de sua família e cada família é, normalmente, o resultado de uma cultura local.

O professor, então, estando na linha de frente, em contato diário com essa amostragem da comunidade, é quem tem condições de traçar um perfil social o mais próximo possível da realidade daquela região.

Só que nem todo professor sabe de seu poder para mudar a realidade social.

É ele que, em contato com os alunos daquela comunidade, consegue perceber as necessidades mais sérias, algumas provenientes de famílias desestruturadas, violências domésticas, abusos físicos e sexuais, e mais uma série de situações que fogem à área educacional escolar.

O professor, então, fica angustiado ao constatar essa realidade e se sente impotente para o encontro de soluções. Ele acredita que não é da sua competência.

Essas e outras constatações servem para desestruturar a vida do professor e levá-lo ao estresse exagerado, muitos chegando a quere desistir da profissão ou sendo levado a abandoná-la devido a doenças psicossomáticas, depressão e tudo mais.

Alguns, para tentar escapar dessa realidade, buscam o apoio de drogas, entre elas o Rivotril, a mais comum na comunidade docente.

Onde está o erro?

O erro está na visão da missão e, principalmente, da competência do professor regular, que trabalha na linha de frente das salas de aula.

Todas as soluções, inclusive para muitos dos problemas sociais de um município, podem ser encontradas a partir da ação individual de cada professor.

Por isso eu digo que é o professor o profissional mais importante do mudo!

Parece exagero? Mas não é exagero. É a mais pura realidade!

Esse profissional é o único que pode ter uma noção exata das necessidades que cada aluno terá para ser alcançado pelos três objetivos básicos da educação responsável, que são:

Ficar satisfeito por aprender alguma coisa, todos os dias, a partir de seu ponto de entendimento;

Ser estimulado, todos os dias, para construir a sua autonomia futura;

Se sentir incluído socialmente, em todos os momentos em que estiver na escola.

É o professor o único profissional competente para identificar o que está faltando para que cada um desses objetivos seja alcançado e é ele quem deve tomar as primeiras providências para isso. Mas como?

Primeiramente analisando se estão ao seu alcance as providências necessárias.

Estando ao seu alcance, basta fazer, mas é sempre bom relatar, para que os demais colegas possam fazer o mesmo, ou até para que apresentem sugestões mais práticas e mais eficazes, otimizando o trabalho docente em geral.

Mas no caso de sua própria dedicação não for suficiente, a solução precisa ser encontrada em conjunto com outros professores, em encontros de análise de desafios e identificação de soluções, o que deveria constituir um dos mais importantes objetivos dos Conselhos de Classe.

Para isso já vemos que temos que ter Conselhos mais frequentes e espalhados por todo o ano letivo.

E para isso também vemos que os objetivos do Conselho têm que ser mais abrangentes.

Surge então, o conceito mais importante do Conselho de Classe, que parte da análise individual de cada aluno para a identificação das causas de seus problemas, o que nos leva a análise da própria família e, consequentemente, da realidade social.

Cada Conselho é sintetizado em uma ATA, que é soberana, já que é fruto de análise realizada pelos profissionais que estão na linha de frente e, por isso, os que têm mais condições de definir as necessidades mais urgentes e mais importantes da escola e até da realidade da comunidade local.

A elaboração da ATA, então, deve ser de forma bem argumentada e já indicando as possíveis soluções para os desafios daquela comunidade escolar.

Essa ATA deve ser encaminhada à Secretaria de Educação.

Como algumas soluções dependerão de outras secretarias, cabe à Secretaria de Educação encaminhar para as demais.

Vamos agora à prática já em andamento e as dificuldades encontradas:

Em alguns municípios as secretarias se tornam tão fechadas em si mesmas que sequer leem tais ATAS;

Em outras as secretarias que deveriam se envolver percebem que as sugestões não procedem, já que existe serviço semelhante, apenas com alguns diferenciais de ação e que, pelas escolas não terem esse conhecimento, não são aproveitados por elas; mas fica por aí mesmo, ou seja, não há retorno para as escolas, nem ajuste de procedimentos;

Em outros casos as demais secretarias até concordam com as necessidades, mas não há legislação que ampare as soluções propostas.

Conclusão dessa observação prática:

Nada anda e as escolas continuam sem solução para seus desafios e a comunidade local continua mal atendida, mal preparada e dando aos seus filhos uma educação equivocada.

E, mais ainda: muitas decisões tomadas por diversas secretarias acabam dando resultados diferentes dos previstos, devido ao desconhecimento da realidade social do município, já que essa realidade aparece exatamente na escola (o aluno é o reflexo dessa realidade local) e é detectada pelo professor em sala.

Proposta para enfrentar tais desafios:

Direção, coordenação e corpo docente devem transformar seus Conselhos de Classe em reuniões mais frequentes, com o objetivo de analisar todos os principais desafios em relação à comunidade escolar.

Nesses encontros devem ser definidas as propostas que precisam de ação fora da área educacional, como saúde, ação social e outras.

Deve ser elaborada ATA do Conselho especificando as ações específicas de outras secretarias, e solicitando reunião de estudo conjunto com representantes das demais secretarias, para o encontro de soluções.

A Secretaria de Educação deve organizar tais estudos conjuntos, com representantes das demais secretarias (principalmente saúde e ação social), para o encontro de soluções.

Havendo necessidade de ação legislativa, elaborar propostas a serem encaminhadas às comissões legislativas correspondentes (saúde – educação – ação social etc.) ou solicitar que, para esses estudos em conjunto, estejam presentes representantes dessas comissões.

Fazendo assim teremos:

Todos os desafios sendo estudados frequentemente por quem tem competência para isso;

Todas as providências possíveis sendo analisadas pelas instituições correspondentes, cada uma assumindo a sua parte e tomando suas decisões específicas;

Todas as propostas que necessitem de alterações nas legislações, são encaminhadas para estudo das respectivas comissões legislativas, para decisões pela Câmara.

A assim os desafios poderão ser resolvidos antes que se tornem problemas insuperáveis, o que frequentemente ocorre devido ao total desconhecimento do assunto, pelas pessoas que poderiam estar à frente das soluções.

Tudo, então, como vimos, começa pela atuação do professor em sala, na observação da realidade de cada aluno e, consequentemente, da realidade da comunidade no qual o aluno está inserido.

Aproveito para lembrar que o IUPE terá, já em 2020, um ciclo de Formação Continuada de Profissionais de Educação, Terapeutas e Interessados, a começar pelo dia 25 de janeiro próximo, com o tema METODOLOGIAS EDUCACIONAIS INCLUSIVAS, para transformar a missão do professor em puro prazer, sem qualquer estresse e com mais eficácia.

Esse é o primeiro tema do ciclo. Teremos mais cinco encontros, um a cada dois meses, para criarmos um grupo de profissionais que farão a diferença na transformação social.

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