quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Ser Humano X Inteligência artificial

Como será a evolução dessa integração entre o homem e a máquina, que já estamos vivenciando e nossos dias?



A competição entre o ser humano e a inteligência artificial
(Comentário comparativo entre ideias de Jerry Hultin, da Academia de Ciências de Nova York; Hugo de Garis – cientista chefe da Starlab-Bélgica; Steven Spielberg, em seu filme IA – Inteligência Artificial; e mais Isaac Azimov, escritor; Stuart Armstrong, do Instituto Futuro da Humanidade, da Universidade de Oxford; e nossas próprias observações)

Num dos últimos encontros do ano na Academia de Ciências de Nova York, Jerry Hultin apresentou uma análise preocupante, sobre a competição entre o ser humano e a inteligência artificial.

Essa análise me lembrou da obra “Artilect War”, escrita por Hugo de Garis, cientista chefe da Starlab, na Bélgica, que eu tive acesso no ano 2000.

De Garis alertava o mundo para o perigo do desenvolvimento, sem controle, da inteligência artificial.

Naquela época muitas pessoas ainda achavam que as 3 leis de robótica, muito bem-criadas por Isaac Azimov, seriam sempre respeitadas pelos robôs, mesmo sem terem perguntado isso a eles...

De Garis alertava que essa falta de controle poderia desenvolver inteligências criativas, ao ponto de os robôs assumirem sua própria criação e destruir a humanidade.

Para quem não lembra, essas três leis deveriam ser seguidas à risca e rigorosamente na ordem, pelos robôs:

1) um robô não pode ferir um humano ou permitir que um humano sofra algum mal;

2) os robôs devem obedecer às ordens dos humanos, exceto nos casos em que tais ordens entrem em conflito com a primeira lei; e

3) um robô deve proteger sua própria existência, desde que não entre em conflito com as leis anteriores.

Mas o mundo está claramente caminhando para competitividade econômica, fazendo com que a ética esteja descartada, quando o objetivo principal é o lucro.

De Garis descreveu como estava, naquela época, o desenvolvimento antiético, com fins puramente lucrativos, de sistemas inteligentes que, por terem que ser, a cada dia, mais competitivos com os concorrentes, acabariam por fazer seus criadores perderem o controle e assim iniciaria a famosa “Artilect War”, ou seja, a guerra entre o homem e o robô, que é o título de seu livro, onde o vencedor é, naturalmente, o robô.

De repente, como se fosse uma reação às suas conferências, Steven Spielberg lançou seu filme IA – Inteligência Artificial, baseado num projeto de Stanley Kubrick, sobre a criação de robôs com sentimentos.

Esse projeto, por sua vez, foi baseado num conto de Brian Aldiss: “Supertoys last all summer long” – “Os superbrinquedos duram por todo o verão”, o que na realidade significaria: Os superbrinquedos vivem para sempre.

No filme Spielberg tenta defender as fábricas de inteligência artificial contra um possível controle ético exigido pela população, a partir da leitura da obra de De Garis, de uma forma bastante sutil.

Ele nos apresenta a beleza de um menino robozinho, super sentimental e lindo, que poderia ser adotado pelos casais como filhos, sem as despesas e dificuldades educacionais de uma criança normal.

No enredo, os espectadores são levados a se apaixonar pelo menino robozinho, pela sua beleza e pela sua doçura.

Quando, entretanto, tem início a parte de destruição dos robôs que começaram a tomar decisões contra os humanos, Spielberg apresenta essa “caça aos robôs”, como uma verdadeira “carnificina sem carne envolvida”.

Mas faz com que os espectadores se voltem contra os perseguidores dos robôs, ou seja, ele não deixa de mostrar que houve necessidade de parar com a liberdade tecnológica do robô, mas mostra o ser humano como o grande vilão!

A maioria dos espectadores passa a defender os robôs, sem perceber que estão se aliando à indústria antiética da inteligência artificial e contribuindo para a eliminação da humanidade!

Só no final do filme é que é mostrado, por Spielberg, que a criação de robôs inteligentes acabou por destruir toda a humanidade, mas isso é só bem no final, quando muita gente já está tão envolvida com os sentimentos dos robôs, que nem percebe o mal que estão aceitando.

Já em seu artigo na Academia de Ciências de Nova York, Jerry Hultin chama de “Revolução da Inteligência” essa época que estamos vivendo e analisa que ela trará muito mais benefícios e danos que as outras três revoluções industriais que o mundo já teve.

E, mais que isso, essa revolução nos traz uma nova questão fundamental, e que tem sido discutida bastante em nossos encontros, que é: “O que significa ser um humano?”

O enfoque de Hultin é mais para a automação e a eliminação de empregos, do que sobre o perigo da capacidade de decisões a serem tomadas pelas máquinas.

Mas minha preocupação, nessa nossa conversa, está mais para essa parte da capacidade de decidir, a ser absorvida pela IA, que coincide com a preocupação de Hugo de Garis em seu Artilect War.

Eu lembro que já comentei com vocês, também, sobre outro aspecto importante, que é o projeto da “Singularidade”, que tem tudo a ver com o que estamos conversando.

Singularidade, nesse caso, significa a integração homem-máquina substituindo partes humanas por partes cibernéticas, para melhorar nosso desempenho.

Uma das polêmicas em torno disso é a possível imortalidade cibernética, substituindo partes deterioradas do corpo humano por partes cibernéticas e prolongando a vida para sempre.

Muita gente me disse que eu estaria imaginando coisas impossíveis, mas vamos analisar?

Em 2012 aconteceu a “Cúpula da Singularidade”, quando Stuart Armstrong, do Instituto Futuro da Humanidade, na Universidade de Oxford, apresentou suas previsões de que a “Era Humana Pura” deve terminar por volta de 2040. Não fui eu quem disse! Foi ele!

Ele estava se baseando no ensaio publicado em 1993, por Vernor Vinge, quando ele prevê o fim da era humana, a partir da evolução da singularidade.

Os estudiosos e defensores da singularidade dizem que é irreversível a integração homem-máquina, criando um “agente inteligente atualizável com capacidade de autoaperfeiçoamento”, da mesma forma que fazemos com nossos computadores e celulares.

Isso gerará indivíduos dotados de uma superinteligência poderosa, muito superior à inteligência humana pura.

Então, amigos, como conclusão de tudo isso:

EVOLUÇÃO NECESSÁRIA:

Eu vejo que a evolução científica e tecnológica é imprescindível para o enfrentamento dos grandes desafios que poderão surgir a cada momento, tanto em relação às doenças e epidemias, quanto a diversos outros tipos de perigos de toda ordem.

ARTILECT WAR

Vejo, entretanto, que a inteligência artificial sem controle ético pode, realmente, servir para criar máquinas, com pensamento independente que, conforme a ficção nos mostra, pode ser a destruição da humanidade. A guerra entre o homem e a máquina.

SINGULARIDADE

Mas vejo um outro perigo, não sei se maior ou menor, que é o aumento de nosso desempenho humano por meio do processo da singularidade, tornando-nos verdadeiros meio-homem, meio-ciborgue.

Isso também pode se constituir um caminho irreversível de destruição, senão da espécie humana, mas pelo menos da nossa essência emocional humana.

SOLUÇÃO:

Qual a solução para essas polêmicas? Não sabemos, mas temos que buscá-las!

Na Academia de Ciências de Nova York todos nós fomos chamados a discutir o assunto, devido à preocupação de Ellis Rubinstein, nossa presidente, com assunto tão polêmico e decisivo para o futuro da própria humanidade ou, pelo menos, das atuais características que conhecemos do ser humano.

Precisamos, então, da participação de todos, comentando e mandando suas sugestões, seus questionamentos e suas ideias para que, por meio da Academia, possamos sugerir controles específicos e evitar problemas irreversíveis para todos nós.

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